Por diana.dantas

O mercado brasileiro de carros premium deve triplicar até 2020, passando de aproximadamente 55 mil unidades, no ano passado, para 150 mil, segundo estimativa da alemã Audi, que projeta para 2015 uma expansão de dois dígitos no seu volume de vendas no país. A expectativa pode parecer excessivamente otimista, especialmente num ano em que as estimativas indicam retração da economia, mas o CEO da Audi do Brasil, Jörg Hofmann, contra-argumenta que mesmo passando dos atuais 2% para 6%, a participação dos veículos de luxo ainda estará muito aquém da realidade de outros mercados emergentes.

“Esse market share de 2% é totalmente atípico. Na China, por exemplo, os carros premium representam 10% do mercado”, compara o executivo. Em mercados mais maduros, como o alemão, esse percentual alcança 30%, acrescenta Hofmann. No Brasil, a meta é chegar a 30 mil unidades vendidas em 2020, mais que o dobro do total atingido em 2014 (12.489). Para avançar num mercado automobilístico em retração, a marca pertencente à Volkswagen trabalha com um planejamento que combina — entre outros ingredientes — a produção local (a versão sedã do modelo A3, com motor 1.4 flex, está prevista para setembro ou outubro) com a expansão da rede de concessionárias e a oferta de outros modelos de financiamento, para driblar a alta nas taxas básicas de juros.

Já no próximo mês a empresa lança no país uma nova versão do A6, ainda produzido no exterior, com motor de quatro cilindros em vez de seis. E, para o próximo ano, está prevista a fabricação na fábrica de São José dos Pinhais (PR) do utilitário de linhas esportivas Q3. Em termos de distribuição, a estratégia da Audi inclui uma ampliação de 75% na sua rede de concessionárias entre 2015 e 2017, equilibrando quantidade e lucratividade. “Em média, cada uma das nossas concessionárias no país vendeu 250 carros no ano passado. Queremos chegar a 500 em 2017”, conta Hofmann. A marca terminou o ano passado com 40 lojas espalhadas pelo país, inclusive em capitais do Norte e Nordeste. Até o fim de 2017, o número deverá subir para 70.

Embora cerca de 50% dos compradores brasileiros paguem seu Audi à vista, a empresa se esforça para atrair (também) um público disposto a dar uma entrada bem mais suave que o padrão de 60% do valor do carro cobrado nos contratos com taxa zero de juro. “Juro zero é muito caro”, admite Hofmann, referindo-se à distância entre a taxa praticada pelas montadoras e a Selic, atualmente em 12,75%. No caso da Audi, a saída foi lançar em setembro um produto financeiro em que o cliente pode adquirir o carro novo com entrada mínima de 20% e mais 23 parcelas, que totalizam outros 30% do valor do veículo. O pagamento da 24ª parcela fica a critério do cliente, que pode desembolsar os 50% necessários para quitar o carro ou, então, oferecer o veículo para recompra de uma concessionária da marca alemã. “É uma forma que achamos para ganhar novos clientes”, justifica o presidente da Audi do Brasil. Ao mesmo tempo em que mira um público consumidor entrante no segmento premium, a empresa não perde de vista os compradores no topo da Classe A — as vendas dos modelos ultraluxuosos triplicaram no Brasil em 2014. De um modo geral, a Audi cresceu 22,2% no primeiro trimestre deste ano, em número de unidades vendidas no Brasil, ante igual período de 2014.

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