Por diana.dantas

Novos estilistas de moda, designers e profissionais da gastronomia encontram nas feiras alternativas espalhadas pelo Rio um meio de aumentar vendas, expor suas marcas e até mesmo planejar voos mais altos. Muitas desses pequenas negócios funcionam dentro da casa dos empreendedores, com produção limitada. Estes eventos, que caíram no gosto dos cariocas, acabam atraindo também fabricantes que produzem para grifes famosas e que viram nas feiras um caminho para ter a sua própria marca.

O Circuito da Moda Carioca, que acontece três vezes por ano no Museu Militar, no bairro de São Cristóvão, nasceu dentro do Arranjo Produtivo Local (APL) do bairro, que concentra um grande número de fábricas do setor têxtil, além de pequenos estilistas.

“Na feira, eles conseguem visibilidade e, inclusive, negociam encomendas para redes de multimarcas“, explica Ana Paula Gomes, uma das organizadoras do Circuito da Moda Carioca.
Hoje, segundo ela, 84 empresas participam das edições do evento, sendo 35 delas indústrias com lojas de fábrica agregadas. O restantesão profissionais de moda, de acessórios, de gastronomia e de design. A próxima edição será em maio e a seguinte, em dezembro, sempre no período de troca de coleções. O preço por estande é de aproximadamente R$ 3 mil, por três dias de evento.

“Ao longo do ano o circuito continua, com a divulgação das marcas da região, palestras e cursos de capacitação. Temos o apoio do Sebrae nessa empreitada. A moda carioca é muito fértil e sempre ditou tendências”, acrescenta Ana Paula.

Luisa Pimenta, dona da Mork Store, grife de roupas com estilo rock dos anos 70, é uma das expositoras do Circuito da Moda Carioca e criou sua empresa há um ano e meio.

“Começamos na Feira Hype, onde ainda temos estande. Lá, iniciamos esse processo de entender e ouvir um pouco o que o consumidor buscava na hora da compra. Logo depois, fomos expor também no Circuito da Moda Carioca, no ano passado, e conseguimos além de boas vendas, ampliar esse contato com os clientes”, diz Luisa. “ O carioca gosta de moda e também de coisas diferentes. Hoje, estou em um espaço colaborativo em Ipanema, com mais duas grifes, no e-commerce e consigo aumentar minhas vendas a cada edição destas feiras. Meu faturamento triplicou e já estou pensando em abrir outra loja pop-up no Centro do Rio ainda este ano”, comemora ela.

A Industrike, que fornece jeans para todas as principais marcas do Rio e tem sede em São Cristóvão, também viu no evento um meio de escoar estoques e divulgar a sua própria grife, a Ind. “Nossos pedidos para fornecimento de jeans pelas grifes tiveram uma queda de 30% a 40% desde o ano passado e isso vem acontecendo no setor têxtil como um todo. Abrir novos caminhos para aumentar as vendas se torna necessário e estar em um evento como este nos ajuda a escoar a produção”, diz Johnny Pontes, dono da fábrica.

Outra feira que tem a função de divulgar novas marcas é a O Mercado, que completa cinco anos em 2015. Começou com 40 estandes e hoje tem, em média, 100 expositores por edição. Ao todo, são seis até dezembro e a próxima será em maio. Clarissa Muniz, uma das organizadoras, diz que a maior parte dos expositores tem produção praticamente caseira ou trabalham com peças exclusivas. O custo para ter um estande varia de R$ 500 a R$ 900 para dois dias de evento.

“São pessoas que estão preocupadas com a qualidade de seus produtos e também com qualidade de vida delas. E que, é claro, querem viver do seu trabalho. O critério é que sejam marcas criativas, descoladas, com preço justo. Temos espaço para 100 expositores mas uma grande lista de espera de empreendedores que querem mostrar seu trabalho”, destaca.

Gustavo Fonseca, há seis meses dono de um restaurante no Centro do Rio,o Dois Pinheiros, de comida saudável, expõe na feira O Mercado, onde faz um cardápio diferente do que costuma ter em sua cozinha. Para ele, o evento é uma vitrine para o seu negócio e também uma diversão que gera renda.

“Participar me traz retorno financeiro assim como permite que eu divulgue meu trabalho. A meta agora é expandir, montando um espaço que possa unir música e gastronomia”, diz ele.

Ana Brettas, fotógrafa e dona da La Película, de camisetas temáticas, também expõe na O Mercado, onde, diz ela, consegue vender toda a sua produção mensal — de 500 peças — em uma única edição, com faturamento em torno de R$ 5 mil a R$ 8 mil.

“Participar de feiras como esta tem importância para empresários como eu, pequenos, que produzem em casa. Também estou presente em dois espaços colaborativos em Botafogo e na Tijuca, que recebem muitas pessoas que frequentam as feiras. Hoje, vivo do meu trabalho com a La Película e a fotografia acabou ficando em segundo plano”, diz.

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