Por diana.dantas

Uma enxurrada de celulares compatíveis com a tecnologia 4G, de preços médios e baixos, deve varrer o mercado brasileiro este ano, aposta José Otero, diretor para a América Latina e Caribe da 4G Américas, que reúne operadoras e fabricantes do setor de telecomunicações. A associação setorial trabalha com uma projeção de que, em 2019, o percentual de conexões LTE (Long Therm Evolution, termo que abrange tecnologias de quarta geração) na região atinja 11%, onze vezes mais do que o market share registrado ao fim de 2014 (1%). No mesmo período, o total de linhas de telefonia móvel na América Latina deve crescer 16,5%, passando de 725 milhões para 845 milhões.

Até o fim deste ano, o volume de assinantes de serviços de quarta geração deverá dobrar, passando a representar 2% da base móvel na América Latina (757 milhões de usuários), na esteira da popularização dos smartphones 4G. “Vai haver uma oferta agressiva de smartphones 4G de nível médio e baixo (de preços)”, sustenta Otero. No ano passado, os aparelhos compatíveis com serviços de quarta geração responderam por 15% das vendas de celulares no país, de acordo com a consultoria IDC. Para este ano, a perspectiva é de que esse percentual mais que dobre, passando para um patamar entre 30% e 35%. “Vamos ver cada vez mais lançamentos que acessam essa tecnologia. Para esse ano, acredito que os intermediários e os dual-sim (celulares com capacidade para dois chips) serão os destaques do mercado de dispositivos 4G”, afirma Leonardo Munin, analista de pesquisas da IDC Brasil.

Na América Latina, os telefones móveis inteligentes com tecnologia LTE contribuíram com 14% das vendas de aparelhos e a estimativa para este ano é de que cheguem a 28% em 2015, segundo dados da consultoria Gartner. No Brasil, em janeiro deste ano havia 7,75 milhões de acessos 4G, de acordo com a consultoria Teleco. No mesmo mês do ano passado, o total era de apenas 1,56 milhão.

Apesar da rápida expansão das tecnologias de quarta geração na América Latina, a região ainda tem uma participação pequena em nível global. Dados da 4G Américas compilados pela Teleco indicam que dos 498 milhões de acessos LTE existentes no mundo no fim de 2014, 46,7% estavam na região da Ásia e do Pacífico, e 32,8% nos Estados Unidos e no Canadá. Curiosamente, o 4G chegou ao Brasil antes de começar a ser oferecido em alguns mercados europeus, lembra Otero. “No período de novembro e dezembro de 2011, quando o 4G foi lançado no Brasil, em Porto Rico e no Uruguai, o serviço ainda não estava disponível em grandes operadoras, como a Sprint e a T-Mobile, nos Estados Unidos. E nem na Espanha, na França, no Reino Unido e na Itália”, diz o diretor da 4G Américas.

Na comparação com tecnologias anteriores, a LTE levou muito menos tempo para estrear no mercado brasileiro. O padrão GSM, por exemplo, começou a ser usado comercialmente em 1992 e chegou à América Latina em 1996. Já o 3G levou cinco anos para chegar à região, o que aconteceu em 2006.

Mesmo com o lançamento quase simultâneo em relação a mercados maduros, o 4G obviamente não se desenvolveu no país num ritmo mais lento. “A tecnologia LTE exige que a fibra ótica chegue até a estação rádio-base (ERB)”, explica Otero. “Não dá para comparar a capilaridade de fibra ótica que há nos Estados Unidos com a da América Latina, por exemplo”. Além do desafio representado pela infraestrutura, a expansão da cobertura de quarta geração na região também depende do desenlace de questões regulatórias — principalmente, da liberação de faixas de frequências ocupadas por outros serviços. No Brasil, o uso da frequência de 700 megahertz (MHz) — essencial para ampliar o alcance da cobertura e para baratear o 4G — depende do desligamento de equipamentos de radiodifusão (TV analógica, neste caso) que transmitem nessa faixa. “Em muitos mercados da América Latina não havia espectro suficiente reservado. E o que estava reservado, muitas vezes estava ‘sujo’ e não podia ser utilizado. É o caso da frequência de 700MHz no Brasil. Então, o espaço está reservado, mas não pode ser usado por quatro, cinco, seis anos”, conclui.

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