O acordo firmado com a Klabin, anunciado anteontem, não muda os planos da Fibria em relação à expansão de sua unidade em Três Lagoas (MS), afirmou ontem o presidente da empresa Marcelo Castelli.
“O contrato não afeta nossa decisão de ir em frente com o projeto de Três Lagoas 2, até porque sabíamos que o volume do Projeto Puma já estaria no mercado”, disse. O Projeto Puma é a fábrica que está em construção pela Klabin em Ortigueira, no Paraná.
Castelli ressaltou ainda que a expansão de Três Lagoas segue na agenda do Conselho de Administração da companhia, que também não irá considerar no processo a construção de nova linha de produção também em Três Lagoas pela concorrente Eldorado Brasil Celulose, com previsão para começar a operar em 2018.
Pelo acordo anunciado anteontem, a Klabin vai fornecer celulose de fibra curta para a Fibria. O produto sairá da fábrica da Klabin em construção em Ortigueira, no Paraná, que terá capacidade de produção de 1,5 milhão de toneladas, sendo 1,1 milhão de celulose de fibra curta e 400 mil toneladas de celulose de fibra longa, parte dela convertida em fluff, material que é utilizado em fraldas descartáveis e absorventes. O início da operação está previsto para março de 2016.
O contrato firma o compromisso de aquisição pela Fibria do volume mínimo de 900 mil toneladas anuais de fibra curta, que será vendido com exclusividade pela empresa fora do Brasil e em países fora da América do Sul. O volume restante será comercializado diretamente pela Klabin, sendo a celulose de fibra curta direcionada aos mercados do Brasil e da América do Sul, e a celulose de fibra longa e do tipo fluff, ao mercado global.
Comentando o novo contrato, Castelli afirmou ontem que eficiência logística, ganhos na distribuição e escala comercial a são a “cereja do bolo”. Ao mesmo tempo, o CEO da Klabin, Fabio Schvartsman, disse que a comercialização para a Fibria permitirá que a empresa foque no desenvolvimento dos mercados de fibra longa e fluff, que ainda são novos no Brasil.
“São duas empresas complementares buscando ser mais competitivas no mercado global (...) Fibria e Klabin continuam competindo”, disse ele. “A Fibria já tem hoje uma logística de exportação (...) A Klabin provavelmente chegaria aos mesmos resultados por conta própria, mas seria uma operação teórica. A Fibria é a garantia que a entrada ocorrerá com as condições contratadas”, completou.
Ainda segundo Schvartsman, o contrato engloba punições para a Fibria, caso ela não compre toda a produção prevista. Mas também prevê punições para a Klabin, se a companhia não entregar toda produção acordada.
O contrato entre Klabin e Fibria tem duração de seis anos, sendo quatro com volume mínimo de 900 mil toneladas. Depois o acordo, prevê dois anos de redução gradual do volume, sendo o quinto ano correspondente a 75% do total acordado. No sexto ano, o volume cai para 50%. A possibilidade de redução gradativa, ponderou o CEO da Klabin, tem como objetivo permitir que a companhia tenha a possibilidade de passar a operar por conta própria. “Mas o contrato também pode ser renovado.”
Em relatório, o analista do Citi Juan Tavarez disse que o anúncio é positivo, pois diminuirá os potenciais descontos no preço da celulose causados pela entrada da produção da nova fábrica da Klabin no mercado.