Por douglas.nunes

Após reportar uma queda de 86,1% em seu lucro líquido do primeiro trimestre, para R$ 2,9 milhões, o Magazine Luiza encerrou o pregão de sexta-feira com suas ações sendo negociadas a R$ 5,02, o que representou uma desvalorização de 9,22%. No ano, os papéis da rede varejista acumulam uma baixa de 32,79%. A companhia atribuiu o desempenho aquém do esperado da última linha do balanço ao aumento das despesas financeiras, da ordem de 30,8%, para R$ 124,8 milhões, um reflexo direto da elevação significativa da taxa de juros no período.

“Nosso lucro líquido foi muito baixo, a margem líquida ficou perto de zero, mas foi um resultado razoável diante das circunstâncias, especialmente em um cenário macroeconômico desafiador”, afirmou Marcelo Silva, diretor-superintendente do Magazine Luiza, em teleconferência com analistas. “Mas tivemos ganho de participação de mercado, conseguimos manter as nossas margens e nossas despesas operacionais cresceram apenas 1,6%, bem abaixo da inflação, mesmo sob o peso de componentes de custo como os cortes de energia e o aumento de combustível”, observou.

Silva também destacou a comparação com o forte desempenho da varejista no primeiro trimestre de 2014 — muito em função das vendas relacionadas à Copa do Mundo, especialmente na categoria de TVs —, como um fator adicional que impactou a performance no período. Com uma ligeira retração, de 0,7%, na receita líquida, para R$ 2,25 bilhões, um dos pontos negativos nessa frente foi a queda de 3% nas vendas “mesmas lojas”, em particular, com o recuo de 5,3% nas lojas físicas. Embora não tenha revelado dados consolidados, a varejista ressaltou que as vendas de smartphones e celulares seguem em alta e, em conjunto com as vendas da linha branca e de móveis, estão compensando o declínio nas do segmento de imagem.

Em meio à redução das vendas e diante de fatores como a sazonalidade, o Magazine Luiza registrou uma elevação de 6% do capital de giro, que somou R$ 691,1 milhões no trimestre. “Os estoques ficaram um pouco acima do normal, em função de compras estratégicas, mas a tendência é melhorar o giro e reduzir esse volume, assim como evoluir nos prazos com os fornecedores. Naturalmente, o primeiro trimestre é o pior em termos de capital de giro, muito em função das contas a pagar relacionadas ao fim do ano”, disse Roberto Bellissimo Rodrigues, diretor financeiro e de Relações com Investidores.

O Magazine Luiza manteve a previsão de investir R$ 150 milhões em 2015, mas reduziu a estimativa de abertura de lojas no período, que estava na faixa de 40 a 50 unidades. “A projeção é fechar o primeiro trimestre com cerca de 20 lojas. No segundo semestre, vamos ser mais cautelosos. Trinta lojas é o que estamos vendo como um número razoável para o ano”, afirmou Silva.

Segundo o executivo, a varejista continuará a focar na redução de custos, na automação dos centros de distribuição e lojas, e na consolidação da rede como uma empresa digital e multicanal, com a integração da logística, das relações entre as lojas físicas e o e-commerce, e também das iniciativas de comunicação. Os investimentos de marketing, afirmou o executivo, serão outra prioridade para combater a redução do movimento nas lojas e do grau de confiança dos consumidores. Nessa frente, um dos pontos destacados é o patrocínio das transmissões de futebol na Rede Globo até o fim do ano. “Nesse ano, estamos vendo uma curva exatamente oposta a 2014, quando o primeiro semestre foi muito forte e o segundo semestre sinalizou um cansaço no consumo. Tenho certeza que com esses esforços, vamos sair mais robustos para absorver o crescimento de 2016 e 2017”, disse Silva. “Com o cenário difícil, o que nos cabe é ter mais criatividade e muita transpiração”, acrescentou.

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