Por douglas.nunes

Primeiro foram os softwares de criação de conteúdo, como o Photoshop, ícone dos efeitos e milagres de imagem. Depois vieram as soluções de análise e mensuração dos resultados de campanhas e ações de marketing digital. Agora, a Adobe está completando o seu quebra-cabeças de ofertas na nuvem com mais um programa que marcou fortemente a trajetória da companhia. A empresa americana acaba de lançar globalmente a Adobe Document Cloud, plataforma na nuvem que reúne serviços em torno do Acrobat, software conhecido pela conversão de qualquer documento em arquivos de PDF. A solução já está disponível no Brasil, país que vem ganhando relevância na transição da Adobe para se consolidar como uma empresa de pacotes de serviços, em detrimento de produtos vendidos separadamente, no modelo tradicional de licenciamento.

“Essa terceira nuvem era a peça que faltava na nossa estratégia”, diz Fabio Sambugaro, gerente-geral da Adobe no Brasil. “E não se trata da substituição do papel, pois ele vai continuar a existir, mas sim da necessidade cada vez maior da criação de documentos digitais, integrados e conectados aos fluxos de trabalho das pessoas e, principalmente, das empresas”, afirma.

Dois levantamentos recentes destacam a penetração ainda incipiente dos formatos digitais nas rotinas de consumidores e empresas. Uma pesquisa da IDC aponta que 83% dos funcionários acham que a produtividade no trabalho é reduzida em virtude da maneira obsoleta de lidar com os documentos. Já um estudo da Adobe — realizado em cinco países — mostra que apenas 17% dos participantes conseguem concluir um relatório de despesas sem usar documentos em papel. Da mesma forma, somente 17% têm hoje recursos para assinar contratos ou acordos digitalmente.

Disponível no modelo de assinaturas, a Adobe Document Cloud inclui ferramentas para criar, editar, armazenar, compartilhar e gerenciar documentos no formato digital. Sob o conceito da nuvem, a ideia é que esses processos possam ser feitos a partir de qualquer lugar, a qualquer hora e por meio de qualquer dispositivo. Além de serviços de assinatura eletrônica, a plataforma traz recursos que permitem iniciar um trabalho em um equipamento e continuar este processo, a partir do mesmo ponto, em outro dispositivo. Também é possível usar a câmera de celulares para converter um documento em papel para o formato digital.
Sambugaro enxerga maior potencial de adoção da nova nuvem em vertentes como finanças, jurídico e recursos humanos. “São três áreas altamente regulamentadas e que envolvem questões importantes de guarda e gestão de documentos”, afirma. Para levar a oferta a esses mercados, a Adobe vai apostar inicialmente em eventos e em ações digitais dirigidas a esses setores, em linha com a abordagem já adotada para as outras nuvens.

A transição da Adobe para a nuvem começou em 2012, com as plataformas de mídia digital e de marketing digital. Sob o impacto da migração para o modelo de software por assinatura, os dois primeiros anos tiveram como resultado a queda de receita e do lucro líquido. Encerrado em 28 de novembro, o último ano fiscal, no entanto, começou a mostrar os frutos dessa iniciativa, com um ligeiro aumento da receita líquida, para US$ 4,14 bilhões, próxima dos patamares reportados antes da guinada. Um dos pontos ressaltados no período foi os 3,45 milhões de assinantes da Creative Cloud — nuvem de mídia digital —, um crescimento de 140% sobre o ano fiscal anterior.

Segundo Sambugaro, a plataforma de marketing digital é uma das vertentes de maior crescimento no Brasil, especialmente no cenário de crise econômica. “Nesse momento difícil, as empresas focam seus esforços em ferramentas que mensuram o retorno de seus investimentos”, diz. Ao mesmo tempo, afirma, essas soluções estão alimentando a demanda pelas ofertas de mídia digital e abrindo portas para que a empresa consolide sua presença em segmentos nos quais tinha pouca participação até pouco tempo, como varejo, finanças e telecomunicações. “São setores nos quais as ofertas são cada vez mais similares e nos quais as empresas precisam se diferenciar por meio de serviços e relacionamentos digitais”, explica. Nesse contexto, 30% dos contratos conquistados pela Adobe no Brasil no último ano fiscal envolveram novos clientes.

Você pode gostar