Por douglas.nunes

Pequenos e médios produtores de alimentos, cosméticos e bebidas estão usando as redes sociais para a aproximação com potenciais consumidores. O caminho encontrado são as comunidades de compras coletivas, que reúnem centenas de empreendedores que não encontram espaço para divulgar e escoar seus produtos no varejo tradicional. A iniciativa vem se espalhando por vários estados e, além de ser um canal de vendas para o produtor, permite que grupos de consumidores comprem, em alguns casos,lotes no atacado, reduzindo o custo unitário final. Em geral, fazem parte de grupos como o Comida da Gente e o Junta Local, produtores de orgânicos e de itens que levam em sua composição ingredientes naturais.

Thiago Nasser, criador da Junta Local, funciona como uma plataforma virtual de oferta de produtos, que se completa com um encontro de produtores e consumidores em espaços pela cidade do Rio de Janeiro. E reúne pequenos produtores do campo e da cozinha em um só lugar.

“A ideia começou com um site para venda de alimentos, bebidas, pratos prontos e condimentos de pequenos produtores. Como a logística de distribuição e entrega dos produtos é um dos principais entraves para o desenvolvimento destes empreendedores, que não conseguem chegar tão perto do consumidor quanto gostariam, pensamos então em criar periodicamente uma feira, onde o produtor faz a entrega dos produtos vendidos previamente pela nossa sacola virtual e também vende para quem aparece sem ter feito encomendas, explica Nasser.

Do final do ano passado para cá já foram realizadas 13 feiras e, segundo ele, o passo seguinte é ampliar os serviços da sacola virtual, encontrando mais pontos de retirada dos produtos além das feiras que acontecem normalmente.

“No médio prazo, nosso foco é ter uma plataforma de compras virtuais com um sistema de entrega. Enquanto isso, estamos tornando o Junta Local um espaço de relacionamento entre os produtores e outros canais de vendas, caso de restaurantes e bares”, acrescenta Nasser, que fica com 10% do que é vendido nas na sacola virtual para manter os custos da Junta Local.

Renan Viegas, dono da Bors.Co, que fabrica pimentas artesanais curtidas em uísque, conheceu o Junta Local no final do ano passado inicialmente como consumidor.

“Achei a iniciativa interessante. Todos os produtores são pequenos e passam pelas mesmas dificuldades, entre elas a de colocar seus produtos no varejo. Passei então a oferecer meus produtos e já participei de algumas feiras. Trabalho na área de tecnologia mas quero em breve retirar boa parte dos meus rendimentos do meu negócio com pimentas”, prevê Viegas, que produz em média 400 unidades por mês de seus produtos, que dependendo do blend, levam o nome de uma música.

“De acordo com a força da pimenta, vamos de ‘Mustang Sally’ a ‘No more tears’”, brinca ele.

Ana Beatriz Lacerda, dona da marca No Quintal, de licores e geléias com flores e frutas, também está investindo nas redes virtuais para a venda de seus produtos. “Moro em Sapucaia, interior do Rio, e vi que era preciso dar mais visibilidade ao meu produto. Escolhi as esse caminho, onde venho tendo bons resultados”, diz.
Renata Coelho, dona da Amor de Alfajor, também seguiu a trilha. “Estou confiante nos resultados”, diz ela.

Um dos idealizadores do Comida da Gente: Rede de Compras Coletivas e Orgânicas, Willian Welp era um produtor de tomates orgânicos que, a exemplo de outros empreendedores, não encontrava meios de escoar sua produção de 200 quilos de tomates por semana. Foi quando usou as redes sociais para falar de seu produto. Logo, um grupo interessado fechou a compra.

“Percebi que as pessoas procuravam produtos fora dos habituais encontrados em supermercados. Depois do tomate, compramos arroz de um produtor do Sul do Brasil, queijos, chocolates e a lista foi aumentando, com empreendedores que buscavam o mesmo que eu. E assim, no final de 2013, surgiu a Comida da Gente, que hoje tem somente no Rio mais de sete mil membros, com a oferta de diferentes tipos de produtos”, diz Welp.

A rede ganhou “filiais virtuais” em Brasília, João Pessoa , Juiz de Fora, Belo Horizonte e São Paulo. Welp diz que a proposta é também a de ser um espaço de relacionamento entre clientes e produtores.

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