Por monica.lima

Rio - Depois de um longo período de hibernação — a marca encerrou atividades em fevereiro de 2003, após perder mercado e amargar dívidas que chegaram a R$ 15 milhões — a Stella Barros volta ao mercado de turismo de lazer, disposta a fincar a bandeira no segmento, com pacotes especiais e voltados para nichos específicos, em destinos nacionais e internacionais. As viagens para a Disney, que nos áureos tempos eram o carro-chefe da empresa, não foram esquecidas. Mas no lugar da figura protetora da vovó Stella, aplicativos para auxílio aos viajantes e serviços exclusivos de concierge.

Para a sua volta definitiva ao mercado, duas lojas serão abertas, uma no Rio, no NorteShopping, na zona Norte da cidade, e outra em São Paulo, com investimentos de R$ 5 milhões. A marca foi adquirida em 2004 pelo Grupo Águia, que atua no setor de turismo receptivo e que agora está lançando um braço no segmento de lazer, que tem a Stella Barros na linha de frente.

“No ano passado tomamos a decisão de reerguer a Stella Barros como uma agência de viagens. A marca ainda está entre as mais lembradas pelo consumidor, mesmo depois de anos sem atuação no mercado. Temos dois escritórios operando no Rio e em São Paulo. O foco agora é ir para a rua. E foi por isso que resolvemos abrir lojas em um shopping de grande circulação de consumidores das classes B e C, que é o NorteShopping, e em uma loja de rua em São Paulo, no Jardim Europa, na Rua Gumercindo Saraiva”, detalha Paulo Castello Branco, presidente executivo do Grupo Águia.

Além das duas lojas próprias, a meta da empresa é trabalhar na conversão de pequenas e médias agências para o selo Stella Barros. De acordo com a Associação Brasileira das Agências de Viagens (Abav), o país tem cerca de 12 mil agências de viagens ativas, a maior parte delas de pequeno porte. O projeto de franquias da Stella Barros está previsto para se tornar realidade daqui a dois anos.

Além da Stella Barros, que será a empresa ligada diretamente no relacionamento com o consumidor final, o núcleo de lazer da companhia será formado também pela operadora Planeta Brasil, que foi a marca do Grupo responsável pela logística de cerca de 70 mil turistas corporativos durante a Copa do Mundo de 2014 e que vai cuidar dos roteiros domésticos nacionais, e a InterPlanet, nova operadora para destinos internacionais.

“Vamos entrar para brigar por uma fatia deste mercado que, hoje, tem poucos players e é dominado pela CVC. Temos ainda da TAM Viagens, que se limita aos voos realizados pela TAM e pela Lan. Este é um espaço que queremos conquistar sem pressa e com os pés no chão”, afirma Castello Branco.

Para comunicar o retorno da Stella Barros no mercado, Castello Branco diz que o foco será a mídia impressa e redes sociais. “Queremos mostrar que mesmo usando de toda a tecnologia, que vai nos permitir estar mais perto dos clientes, com o uso de aplicativos e de um serviço de concierge que vai ajudá-lo em tudo o que precisar, o atendimento personalizado será o forte da nossa venda”, afirma.

Entre os roteiros personalizados que fazem parte dos pacotes da Stella Barros, Castello Branco destaca um percurso no Alentejo, em Portugal, onde os ciclistas podem apreciar campos e vinhedos em trajetos de bicicleta por oito dias. Ou a Rota 66, nos EUA, com roteiros para motociclistas, com a inclusão de uma moto de luxo para a viagem. Há também roteiros para maratonistas, chocólatras em Paris e, entre os destinos nacionais, um percurso por spas brasileiros.Como a Disney sempre foi marca registrada da Stella Barros , os pacotes de onze noites dão a liberdade de o viajante personalizar suas visitas, fazer tudo com a ajuda de consultores ou incluir bares e clubes na lista de atividades para depois dos parques.

Para o vice-presidente executivo da Abav, Edmar Bull, a volta da Stella Barros ao mercado de turismo acontece em boa hora, apesar da atual situação macroeconômica.“Este é um mercado crescente e uma marca que já tem uma referência na cabeça do brasileiro ajudará nesse processo de retomada. Há mercado para todos, sobretudo para quem investe em produtos de nicho, que parece ser o foco da Stella Barros. E o crescimento por meio da conversão de agências menores é uma boa estratégia. Algo que a CVC fez no passado”, destaca ele.

Na avaliação do professor de Gestão de Marcas da ESPM Rio, Antônio Carlos Morin, ainda que a Stella Barros tenha um recall de marca muito bom na lembrança do consumidor, isso não significa que o sucesso da empresa em seu retorno ao mercado seja garantido.

“Obviamente nos tempos da vovó Stella ter uma pessoa acompanhando um grupo na Disney e falando a língua local era um grande diferencial e algo que foi criado pela própria empresa. Hoje, as pessoas programam virtualmente suas viagens, usam sites e aplicativos para isso. O consumidor é outro e a figura da vovó pode gerar até uma compra emocional. Mas será preciso para a marca ir além disso e oferecer mais do que a concorrência”, diz o professor.

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