Com adições líquidas em queda no primeiro trimestre deste ano, na comparação anual, a Nextel Brasil lança na próxima segunda-feira nova ofensiva com o objetivo de retomar o ritmo acelerado de expansão da sua base registrado em 2014. A estratégia da empresa — apoiada em preços agressivos — está centrada na simplificação da sua oferta de planos, a partir da entrada em cena de pacotes modulares de serviços, com apenas nove combinações de franquias de voz, dados e outras funcionalidades. Para divulgá-los, a empresa investirá pesadamente em publicidade nos próximos meses, o que deve elevar o custo de aquisição de clientes no terceiro e quarto trimestres, reconhece Gokul Hemmady, presidente da Nextel Brasil.
“Não temos nenhum plano de reduzir os investimentos em mídia. A curto prazo, esses gastos devem aumentar”, diz o executivo. Entre janeiro e março deste ano, o custo de aquisição de clientes totalizou US$ 164, uma diminuição de quase 40% em relação ao mesmo período de 2014 (US$ 272), de acordo com dados do mais recentes relatório financeiro divulgado pela NII Holdings, controladora da Nextel Brasil. “Mas muitos clientes estão vindo de outras operadoras com seus próprios aparelhos. Isso nos permite trabalhar com um nível muito reduzido de subsídio”, explica Hemmady.
Depois de ver sua base de clientes encolher em 2012, a Nextel Brasil recuperou terreno no ano seguinte, com o lançamento do serviço 3G. Fechou o ano passado com cerca de 4,2 milhões de assinantes e hoje está na casa dos 4,4 milhões, segundo George Dolce, vice-presidente de Marketing e Vendas da Nextel. No primeiro trimestre do ano, a operadora registrou adições líquidas de 1,87 milhão de usuários 3G, 4G, minimodems e conexões máquina-a-máquina. Já no mesmo período de 2014 esse total foi de 1,64 milhão — diminuição de 12,3%. “Continuamos a ganhar market share no 3G”, minimiza Hemmady.
Além da possibilidade de montar planos intercambiando diferentes franquias de voz e dados, a Nextel aposta na flexibilidade de serviços e numa tabela de preços agressiva para conquistar uma clientela potencial formada por usuários pós-pagos. Numa das opções, que inclui 2.500 minutos de chamadas de voz, o minuto da ligação chega a custar R$ 0,01. “Já estamos assumindo que, como acontece em outros mercados, o serviço de voz um dia vai ser ‘de graça’, uma commodity”, justifica Cristina Famano, diretora de Desenvolvimento de Marketing da Nextel. Outro atrativo no qual a operadora aposta suas fichas é a flexibilidade: o novo modelo prevê a possibilidade de os clientes trocarem de plano livremente, mudando o pacote serviços até mensalmente se assim o desejarem.
Lançado em junho de 2014, o serviço 4G da Nextel — disponível por enquanto apenas na cidade do Rio de Janeiro — terminou janeiro com 221,7 mil assinantes, de acordo com dados compilados pela consultoria Teleco. Na comparação com o fim de 2014, quando a base de serviços de quarta geração da operadora estava em 196,2 mil clientes, o aumento foi de 13%. No mesmo período, o mercado brasileiro de 4G teve incremento de 14,5%. Um dos fatores-chave para a operadora continuar ampliando o número de usuários desse serviço é a entrada no mercado de São Paulo, prevista para meados do próximo ano. “Estamos conversando com autoridades regulatórias”, conta o presidente da Nextel Brasil. A opção mais rápida seria a aquisição da frequência de 1.800 megahertz (MHz) para a área de São Paulo. A Nextel já utiliza a frequência para prestar o serviço no Rio de Janeiro e está autorizada a usá-la também em Minas Gerais e no Nordeste. “Se tivéssemos a frequência hoje, poderíamos oferecer o serviço em seis meses”, afirma o VP de Marketing George Dolce.
Uma segunda alternativa é utilizar a faixa de 800MHz, ocupada atualmente pelo serviço de rádio da Nextel, mas a migração destes usuários para a tecnologia 3G — processo que já está em curso — deve consumir mais dois ou três anos.