Por diana.dantas

Três anos após desembarcar no Brasil, o Airbnb — plataforma online de compartilhamento de hospedagem — se rende ao jeito do brasileiro pagar. Para ganhar escala no mercado nacional, a companhia americana anuncia hoje a adoção de um sistema local de pagamentos, pelo qual os viajantes brasileiros poderão pagar suas reservas e hospedagens por meio de cartões de crédito nacionais e de boletos. O Brasil é uma das poucas operações a contar com essa última opção. Até então, o serviço estava restrito aos usuários de cartões de crédito internacionais. Além de limitar o acesso, as transações estavam sujeitas à variação do câmbio e ao pagamento do Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros (IOF).

Os Jogos Olímpicos também estão no centro de outra novidade. Como parte das ações desenhadas para o período de vendas de ingressos para o evento, o Airbnb vai oferecer a possibilidade de parcelar os pagamentos no serviço em até três vezes sem juros, durante os próximos dois meses. Após esse período, haverá a cobrança de uma taxa, que ainda não foi definida. Em um universo de mais de 190 países que já contam com a presença da plataforma, o Brasil é o primeiro mercado a adotar esse recurso e não está descartada a extensão do pagamento parcelado a outras operações.

“Essa é uma grande conquista para a operação local e integra um conjunto de ações para localizar a plataforma e adaptá-la às necessidades do mercado brasileiro”, diz Christian Gessner, diretor-geral do Airbnb no Brasil. Entre outras iniciativas locais anteriores, o Airbnb já oferecia recursos como um seguro de até R$ 3 milhões para os “anfitriões” brasileiros cadastrados na plataforma, no caso de alguma avaria causada por um hóspede no imóvel, bem como suporte em português aos usuários.

“O plano é ser cada vez mais um serviço ‘mainstream’. Queremos que quando o brasileiro pense em viagem, pense no Airbnb. E o anúncio ganha maior importância com a proximidade do início das vendas dos ingressos para a Olimpíada no Rio”, observa o executivo. O Airbnb é o parceiro oficial do Comitê Olímpico Rio 2016 para a oferta de serviços de hospedagem alternativa durante o evento.

Mais que sinalizar a importância do Brasil para a operação global, os anúncios refletem a estratégia do Airbnb em reforçar o foco também nos viajantes brasileiros, e não apenas nos usuários estrangeiros que buscam acomodações no país. Quando a empresa chegou ao Brasil, 90% das pessoas que utilizavam a plataforma eram estrangeiros. Hoje, os usuários locais já respondem por 30% das reservas. A própria Olimpíada é um exemplo que fortalece essa abordagem. “Segundo números oficiais, a expectativa é que 380 mil estrangeiros visitem o Rio durante o evento, enquanto são esperados cerca de 3 milhões de brasileiros”, diz Gessner.

Hoje, o Rio de Janeiro já é um dos destinos mais procurados pelos usuários do Airbnb. A cidade fica atrás apenas de Paris, Nova York e Londres, e concentra mais de 20 mil acomodações de um total de 45 mil anúncios ofertados pela plataforma no Brasil. Globalmente, o serviço oferece mais de 1 milhão de opções de acomodações. “Em média, cada anúncio tem quatro leitos, o que nos dá cerca de 80 mil leitos no Rio. Estamos duplicando a capacidade turística da cidade”, afirma o executivo.

O caminho para divulgar o serviço e ganhar escala no Brasil também inclui o investimento em promoções e iniciativas de marketing. Seguindo uma linha adotada recentemente no exterior e que envolve pontos turísticos tradicionais e/ou locais inusitados, o Airbnb finalizou na última semana um concurso que levou um casal para dormir uma noite no estádio do Maracanã. Com mais de cinco mil inscrições, a promoção teve como anfitrião o ex-jogador Renato Gaúcho e incluiu ainda um tour pelo estádio, entre outras atrações. “Vamos continuar nessa trilha, além de investir em campanhas e ações off-line e on-line”, diz Gessner.

 planos para o país envolvem ainda a ampliação da operação. Até o fim do ano, a equipe local do Airbnb – formada atualmente por cerca de vinte pessoas – irá se mudar para um novo escritório na zona Oeste de São Paulo. “Nosso crescimento no país já exige esse aumento da infraestrutura. Até o fim da década, o país deve se consolidar como o quarto destino global dos viajantes”, observa o executivo.

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