Por monica.lima

Rio - O segmento de microcervejarias no Brasil pode ingressar no Supersimples — regime simplificado de tributação de micro e pequenas empresas —, se a Câmara do Deputados votar hoje a favor a emenda que inclui os produtores de bebidas alcoólicas nessa categoria. O presidente da Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva), Jorge Gitzler, espera uma posição favorável ao setor, que movimenta hoje R$ 3 bilhões ao ano e é composto por 300 microcervejarias. Em maio, a plenária da Câmara havia rejeitado a inclusão.

“A aprovação do Supersimples para o nosso setor é fundamental para a sobrevivência e o crescimento das empresas que já estão instaladas. Temos hoje uma carga tributária de 60%, que, em um momento de crise, com a redução do consumo, se torna preocupante para as empresas. Também temos o efeito do dólar no nosso negócio, uma vez que uma parcela importante de nossos insumos é importada”, detalha Gitzler, que informou, ainda, que as microcervejarias já perceberam uma queda de 20% nas vendas esse ano.

Sem citar nomes de empresas, Gitzler afirma que algumas já passam por dificuldades, adiaram projetos de expansão e estão planejando colocar sua linha de produção e marca à venda. Algumas dessas fabricantes estão na região Sul do Brasil.

Para o presidente da Abracerva, com a inclusão no Supersimples, seria possível dobrar a participação de mercado em cinco anos e movimentar mais de R$ 6 bilhões ao ano.

“O fato é que o Governo não abrirá mão da arrecadação, pelo contrário, vai arrecadar o que não está recebendo ao possibilitar a formalização de muitos pequenos negócios”, argumenta Gitzler.
André Cancegliero, um dos sócios e também o cervejeiro da Urbana, cervejaria artesanal paulistana criada em 2010 e que tem hoje mais de 200 cervejas em seu portfólio, aposta na aprovação do projeto o que, segundo ele, impactaria diretamente o mercado de cervejas especiais.

“Hoje, dos 10 mil litros que uma microcervejaria produz por mês, seis mil litros vão para o caixa do governo em impostos, restando apenas quatro mil litros para pagar todos os custos da empresa. Isso impede o crescimento porque não temos escala de produção. Com uma carga tributária menor seria possível produzir cerveja com um preço mais acessível e, como consequência, teríamos uma ampliação de volume de todo mercado de cerveja artesanal”, explica Cancegliero.

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