Por monica.lima

São Paulo - Em momentos de crise, grande parte das empresas adota a cautela como guia para superar o cenário turbulento. Esse parece não ser o caso da Nissan. No mesmo dia em que a indústria automotiva brasileira confirmou seu pior desempenho semestral desde 2007 — com queda nas vendas de 19,7% —, a montadora japonesa apresentou sua nova campanha com foco nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016, dos quais é uma das patrocinadoras oficiais. Com a assinatura “Quem se atreve vai além”, a ação é mais um componente da estratégia da empresa para ganhar tração no mercado brasileiro e desafiar as perspectivas pessimistas do setor.

Criada pela Lew’Lara\TBWA, a campanha estreia domingo com um filme veiculado na TV aberta em horário nobre, além de outros dois filmes, também para TV aberta e paga, que irão ao ar em maio de 2016. A iniciativa inclui ainda inserções em jornais e revistas, e ações digitais, entre elas, filmes interativos que contarão a trajetória “atrevida” de parte do Time Nissan, equipe de 29 atletas olímpicos e paralímpicos brasileiros patrocinados pela marca.

Mais que uma ação isolada, a campanha integra um plano de investimentos de R$ 2,6 bilhões no país até 2017. Entre outras frentes, o montante incluiu a instalação, em 2014, de uma fábrica em Resende (RJ), cujo aporte estimado foi de R$ 1 bilhão. “Pela primeira vez, a Nissan está patrocinando a Olimpíada e a Paralimpíada. Nesse ano, ampliamos em 20% nossos investimentos em marketing. É uma aposta atrevida fazer todos esses aportes, especialmente em um momento tão complicado para o setor”, disse Ronaldo Znidarsis, vice-presidente de vendas e marketing da Nissan no Brasil. “Nós acreditamos no Brasil. Ainda somos pequenos no país, mas estamos ganhando participação, enquanto o mercado está em queda. Tivemos um crescimento de 0,5% em participação em junho, para 2,7%”, afirmou.

A ideia da Nissan é aproveitar a visibilidade dos eventos para consolidar seu posicionamento no mercado brasileiro. “Temos produtos, qualidade e os nossos preços são competitivos. Mas o brasileiro ainda não conhece a Nissan. É o que nos falta e é o nosso grande desafio no país”, observou. “Trouxemos novos produtos, temos uma rede de concessionárias em todo o país, mas percebemos que isso não era suficiente. Quando perguntávamos aos consumidores, muitos deles não sabiam, por exemplo, se a Nissan era uma marca japonesa ou coreana”, explicou Eva Ng Kon Tia, gerente de patrocínios da Nissan no Brasil.

Como parte dessa estratégia, a Nissan identificou a necessidade de ativar as ações relacionadas aos dois eventos com uma boa antecedência. Segundo Eva, em média, os Jogos Olímpicos e Paralímpicos têm 65 patrocinadores, com níveis diferentes de exposição e apoio. Essa massa ganha ainda mais força com as ações desenvolvidas pelos concorrentes dessas empresas durante as competições. “A maioria dos patrocinadores começa a ativar suas campanhas perto dos Jogos. É um momento em que teremos muitas marcas falando, por isso entendemos que era preciso nos diferenciar”, disse.

Nesse contexto, além da veiculação da campanha e de outras iniciativas, os esforços da Nissan irão incluir ações no revezamento das tochas Olímpicas e Paralímpicas — que irá percorrer todo o país — e nos Live Sites, como são chamados os espaços públicos que irão abrigar eventos gratuitos relacionados às duas competições.

Embora não tenha revelado detalhes, Znidarsis afirmou ainda que a Nissan pode estender o conceito de atrevimento a outras frentes, como a oferta de novas linhas no país. “Hoje, com a linha atual de quatro modelos cobrimos cerca de 70% da indústria brasileira, nos segmentos mais competitivos. Estamos analisando trazer outros modelos para o país, mas antes de querer correr, precisamos aprender a caminhar”, observou.

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