Por diana.dantas

Em debate sobre o crescimento do mercado de vídeo online na China deu a largada ontem aos trabalhos do European Film Market (EFM) ao longo do 65° Festival Internacional de Cinema de Berlim. Como ocorre anualmente, o foco do EFM é sempre voltado para temas contemporâneos relacionados à economia do audiovisual. A cada novo evento, registra-se a preocupação dos organizadores com o futuro do cinema e sobretudo com a importância de não deixar os olhos da indústria se fecharem para as novas tendências e oportunidades mundiais.

E é de olhos bem abertos que os chineses chegam a Postdamer Platz, centro nervoso de uma Berlim sete graus abaixo de zero, para mostrar a bem-sucedida experiência nacional com o sucesso revolucionário atingido pelas plataformas de veiculação online. “China’s online video revolutionaries” é o título da mesa redonda que abre o EFM. O objetivo é mostrar aos participantes como a China conseguiu vencer a baixa frequência dos cinemas explorando de forma inteligente e vigilante a comercialização online. A fórmula reúne uma rigorosa política de combate à pirataria, integração com as redes sociais e parceria com os estúdios de Hollywood.

Ainda com olhos para o futuro, o mercado irá discutir também as conquistas e os desafios da distribuição alternativa. O objetivo é encarar a fragmentação do mercado de distribuição cinematográfico não como ameaça, mas como caminho para a busca de soluções criativas voltadas para uma distribuição de filmes alternativa ao modelo convencional. A mesa, que será intermediada pelo jornalista Andreas Wiserman, da Screen International, contará com a participação, entre outros, de Gareth Unwin, produtor de “O Discurso do Rei”, vencedor do Oscar que teve uma ousada e exitosa distribuição independente.

Outro evento muito esperado dentro do mercado de coprodução é o já tradicional “Books at Berlinale”, que comemora seu décimo ano de realização. O evento abre a oportunidade para produtores de todo o mundo tomarem contato com novos lançamentos literários. A cada ano, aumenta a concorrência. Este ano foram apresentados 130 livros, de mais de 25 países, que passaram por um rigoroso filtro que resultou em onze selecionados. A variedade marca a seleção, que inclui de dramas familiares a filmes de época, passando por thrillers e comédias.

Os autores são convidados a fazer uma apresentação oral resumida de suas obras e, em seguida, os detentores dos copyrights se reúnem com os produtores interessados. De acordo com Dieter Kosslick, diretor do Festival de Berlim, “o encontro confirmou-se ao longo dos últimos dez anos como um dos mais importantes da Berlinale e contribuiu para reforçar a cooperação entre produtores, editores e agentes literários”. Kosslick ressaltou ainda a importante parceria junto à Feira Literária de Frankfurt. Está aí um ótimo vínculo entre cinema e literatura que poderia ser explorado pelo Festival Internacional de Cinema do Rio de Janeiro.

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