Diretor Executivo do Marché du Film, o mercado do cinema em Cannes, Jérome Paillard era só sorrisos ontem, no Palais du Festivals, quartel-general do maior evento voltado para o mercado audiovisual do mundo. Motivos não faltavam para tanta felicidade. Este ano, nada mais nada menos do que 12.000 credenciados de 120 países do mundo estiveram presentes nas rodadas de negociação promovidas pelo evento.
Uma das grandes surpresas foi a presença de representantes da Coreia do Sul, cujo mercado cresceu de 10 para 15% este ano. De acordo com Paillard, tal crescimento se deve ao grande número de novas empresas que estão surgindo no país. Outros representantes que chamaram a atenção vieram do Nepal, apesar do recente terremoto trágico, e até do Afeganistão, que contribuíram para a admirável diversidade do Marché du Film.
Outro aspecto significativo, segundo os organizadores, foi o crescimento do número de documentários presentes nas sessões voltadas para os exibidores e distribuidores à caça de novidades em Cannes. Dos filmes exibidos, 80% eram inéditos e 16% eram compostos por documentários. A única queda ficou por conta da diminuição dos filmes em formato 3-D, bastante representativos nos últimos anos.
No Next Pavilion, dedicado à discussão do futuro do cinema, o tema principal versou sobre o impacto do Netflix nos novos modelos de negócios no campo do audiovisual. Os participantes foram unânimes ao reconhecer que a janela do VOD (video on demand) é uma realidade que não deve ficar restrita à internet ou aos tablets que facilitam a portabilidade. A aproximação entre o cinema e o VOD precisa ser corajosamente enfrentada para garantir o futuro dos dois modelos de veiculação audiovisual sem que um destrua o outro.
Por fim, o Marché du Film 2015 entrou para a história ao realizar o primeiro China Summit, evento dedicado exclusivamente ao crescente, explosivo e intrigante mercado chinês. O objetivo foi estabelecer um contato mais próximo entre os produtores ocidentais e os chineses, desmistificando o país e tornando-o mais acessível aos investidores internacionais cujas atenções estão voltadas para a China.
De acordo com David Lee, da Leeding Media, que dispensa grande tempo entre Los Angeles e Beijing, buscando preencher a lacuna entre os Estados Unidos e a China, há um grande número de investidores querendo participar do mercado chinês, o que falta é cimentar as conexões. O Marché du Film 2015, portanto, mostrou que o fortalecimento da indústria audiovisual necessariamente passa por Cannes, onde o estímulo à diversidade e o volume de encontros contribuem de forma decisiva para o ambiente de novos e bons negócios.