Espetáculo em homenagem ao ícone da Beija-Flor, Laíla, é indicado ao Prêmio Shell
Além de "Joãosinho e Laíla", outros artistas periféricos e que lutam pela temática negra são indicados ao tradicional prêmio
Cridemar Aquino (D) está indicado na categoria ator por "Joãosinho e Laíla, ratos e urubus larguem a minha fantasia", em que interpretou o ícone Laíla (E) - Divulgação
Cridemar Aquino (D) está indicado na categoria ator por "Joãosinho e Laíla, ratos e urubus larguem a minha fantasia", em que interpretou o ícone Laíla (E)Divulgação
Rio - Uma das grandes referências do teatro brasileiro nas últimas três décadas, o Prêmio Shell anunciou os indicados de sua 33ª edição, que contempla espetáculos que fizeram temporada no Rio de Janeiro e em São Paulo, fora do período pandêmico, ou seja, entre 1º de janeiro e 31 de março de 2020 e 1º de abril a 31 de dezembro de 2022. A cerimônia de entrega acontece no dia 21 de março, no Rio de Janeiro.
O ator Cridemar Aquino, que fez participação na novela “Vai na fé”, e foi o delegado Nunes em “Quanto mais vida, melhor!”, ambas da Rede Globo, está indicado na categoria ator por “Joãosinho e Laíla, ratos e urubus larguem a minha fantasia”, em que interpretou o saudoso ícone do Carnaval, Luiz Fernando Ribeiro do Carmo, o Laíla, e retratou a vida dos carnavalescos que brilharam na Beija-Flor de Nilópolis.
“Acabei de fazer 25 anos de trajetória artística e essa indicação certamente vem para coroar todos esses anos de luta na arte, e não só pela arte, sem esquecer um minuto a minha militância por sobrevivência! Quero também parabenizar todos os meus irmãos e irmãs que estão indicados nesta edição do Prêmio Shell, sozinhos não construímos nada. Tô muito feliz de olhar para o lado e saber que vocês estão aqui comigo”, destacou Cridemar.
Também pelo espetáculo “Joãosinho e Laíla”, Milton Filho está indicado na categoria ator. O artista está na segunda temporada de “Dom”, uma produção original da Amazon e a série mais assistida de língua não inglesa no mundo, prevista para estrear no dia 17 de março.
“Só tenho a agradecer por estar indicado ao lado dos meus e das minhas, de ver uma indicação plural e diversa que traz uma esperança para todos nós fazedores de teatro. Obrigado a toda equipe de ‘Joãosinho e Laíla’ porque jogamos juntos para contar e cantar essa história. Parabéns a todos que fazem parte da lista de indicados desse ano, em especial aquelas e aqueles que admiro e que são referência e norte para mim e para muitos”, disse o ator.
Na categoria cenário, o cenógrafo Cachalote Mattos foi indicado por “Turmalina 18 – 50”. Requisitado para construir cenários dos principais espetáculos com temáticas negras em cartaz no Rio de Janeiro, Cachalote tem forte atuação na Estética preta.
“Agradeço a Cia Cérne pela confiança. Tenho orgulho de todos os trabalhos e projetos cenográficos que fiz. É enriquecedor e agregou muito na minha profissão e vida pessoal os trabalhos que desenvolvi na TV, cinema, publicidade e megaeventos como Olimpíadas de 2016. Por isso me sinto feliz e honrado com a indicação de um prêmio tão expressivo e importante para a cultura do Rio de Janeiro”, ressaltou Cachalote.
A lista de indicados revela um grande panorama da produção teatral dos últimos anos, incluindo indicações para projetos que foram criados por conta do período pandêmico.
A categoria Energia que vem da gente, por exemplo, traz indicações para ações que envolveram campanha de arrecadação de alimentos e a luta para a aprovação das leis Aldir Blanc e Paulo Gustavo, movimentos de produção de teatro online, entre outros. E nesta categoria está indicado o espetáculo “Nem todo filho vinga”, da Cia Cria do Beco, formada com atores da comunidade.
“Gratidão a todo público que foram ver essa ‘Energia que vem da gente’. Esse trabalho só resiste também pelo apoio e fé que apostaram na gente. Gratidão ao corpo de jurados do Prêmio Shell por reconhecer essa luta. É histórico, a Maré está no Prêmio Shell”, comemoram todos da Cia.
A peça também está na indicação direção pelo trabalho da atriz, diretora e dramaturga Renata Tavares.
“A Renata adolescente, que atravessava a Avenida Brasil todos os dias para estudar teatro na Martins Penna com certeza tá cheia de orgulho da Renata de hoje: mulher, preta, favelada, mãe, atriz, produtora, arte-educadora e encenadora indicado ao Shell, a maior premiação do teatro brasileiro. É firmar e afirmar o teatro da favela a cada ensaio, em toda frase, por toda música e em cada canto dos palcos”, conclui.
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