Por bianca.lobianco
Artista pinta um dos desenhos que estão expostos nos abrigosLuiz Ferreira / Fan

Rio - Depois dos abrigos de ônibus da Alameda São Boaventura, no Fonseca, chegou a vez dos pontos da orla de Niterói ganharem o colorido dos grafites.Os artistas da cidade estão apenas esperando a autorização da empresa responsável pelo mobiliário urbano para começar a produzir os painéis. O próximo passo é grafitar também muros da cidade. Um deles será o espaço que separa os terminais de barcas e de ônibus, no Centro. O projeto prevê que os desenhos estejam em 300 pontos de ônibus.

“Atrás dos pontos tinham chapas de metal que estavam sendo depredadas pela ação de vândalos e degradadas pelo tempo, então por que não aproveitá-las? Estamos transformando a cidade em arte”, diz o superintendente cultural da Fundação de Artes de Niterói (FAN), Victor De Wolf.

Os desenhos expostos desde segunda-feira na Alameda foram produzidos por grafiteiros do projeto Expresso Urbano das secretarias de Conservação e Serviços Públicos e Cultura e da Fundação de Artes de Niterói. Na primeira etapa foram pintados 13 painéis. A segunda edição acontecerá no próximo sábado, às 10h, no Campo de São Bento, em Icaraí. Na ocasião, os artistas vão pintar nove chapas de metal, que vão também para os pontos de ônibus do Fonseca.

“Transformar os abrigos de ônibus em painéis artísticos é uma forma de incentivar a arte urbana niteroiense e coibir o vandalismo em patrimônio público. É necessário que o cidadão se conscientize. Tudo o que é público é de todos nós, portanto a população também deve ajudar a conservar”, ressaltou a secretária de Conservação e Serviços Públicos, Dayse Monassa.

Grafiteiro há 16 anos, Pakato, de 35, participa pela segunda vez do projeto. Ano passado, ele levou o poeta Vinicius de Moraes para os muros da cidade, em homenagem ao centenário do artista. “É muito gratificante ver meu trabalho exposto na cidade onde moro. É um incentivo aos artistas de Niterói”, elogia ele, que se inspira em moradores de rua e idosos para desenhar.

Lya Alves, de 37, autora da obra conhecida Efeito Babuska, que está exposta no Fonseca, “a iniciativa é uma chance de provar que o grafite é arte, é cultura, que transforma problemas sociais em desenhos, é uma forma de expressão”, acredita. 

O desafio da prefeitura agora é fazer com que esses painéis sejam preservados. No dia seguinte à instalação, alguns já amanheceram pichados. “Não é porque está na rua que o mobiliário urbano pode ser depredado. Pelo contrário, ele é usado pelo moradores, os mais interessados em preservá-los”, alerta Wolf. 

Em Niterói, o grafite em instalações urbanas é previsto em lei. A autoria autoria é do presidente da Comissão de Cultura e Comunicação da Câmara Municipal, Leonardo Giordano (PT).

Abrigos da Alameda São Boaventura receberam os desenhos na útima semana. Agora é a vez da Zona SulBruno Alves / Prefeitura de Niterói

Não é pichação

Além de incentivar o grafite na cidade, o projeto também quer diminuir as pichações recorrentes tanto nos abrigos de ônibus, quanto em bustos, monumentos e praças da cidade. Os artistas que fazem parte do Expresso Urbano ganharam, cada um, R$ 1 mil para pintar um painel. Ao todo, 22 grafiteiros participaram dessa etapa. Onze já eram conhecidos dos organizadores, e os outros foram selecionados por meio de sorteio.

“Para as próximas edições talvez vamos abrir inscrições para metade das vagas. Ainda estamos analisando de que modo os artistas serão selecionados, mas a ideia é sempre escolhê-los da maneira mais democrática possível”, explia Wolf.

Ao contrário da edição do ano passado, que teve Vinicius de Moraes como tema, dessa vez os grafiteiros ficaram livres para colocar em prática suas ideias e criatividade. O resultado foram painéis super divertidos de temas variados como Nelson Mandela, Fisionomia Urbana, Homem Azul, Aquário, Milheres do Grafite e que agora estão colorindo a cinzenta Alameda São Boaventura, no bairro do Fonseca.

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