Por paulo.gomes

Niterói - Caninha, ‘mé’, branquinha, ‘marvada’, purinha, ‘água que passarinho não bebe’ e até ‘a que matou o guarda’. Querida por milhares de brasileiros, a pinga ganhou esses e muitos outros apelidos carinhosos e até uma data especial: 13 de setembro, próximo sábado, é o Dia Nacional da Cachaça.

E entre seus apreciadores estão os niteroienses. Tanto, que a cidade tem uma casa especializada na bebida. É a Tonel e Pinga, na Rua São João 194, no Centro, com mais de 800 rótulos. Os tipos vão desde as mais populares, como Seleta, até a Dona Beja, de Minas Gerais, que tem o litro folheado a ouro e custa R$ 1,5 mil.

Dono da Tonel e Pinga%2C Tito Sérgio de Almeida Moraes%2C de 61 anos%2C dá dicas para saber se a cachaça é boa%3A 'Ela deve descer aveludada'Alexandre Vieira / Agência O Dia

Mais que um estabelecimento comercial, a loja é um lugar para se saborear a pinga. Lá, todo primeiro sábado dos meses pares acontece uma degustação com 12 tipos da bebida, onde o próprio cliente se serve. Segundo o dono, Tito Sérgio de Almeida Moraes, de 61 anos, o evento reúne cerca de 50 pessoas. O próximo será dia 3 do mês que vem a partir das 11h. Mas Tito já avisa:

“Não é para sair daqui cambaleando. É apenas um encontro para os que gostam da cachaça e provar o produto. Se gostar, compra e leva para casa”, explica ele. Os encontros acontecem desde 2003 e estão todos registrados em quatro livros, guardados ao lado de rótulos que já saíram de linha.

“A cachaça está se sofisticando. Era uma bebida marginalizada porque era muito barata e só bebia quem não tinha dinheiro. Eu mesmo, na época de estudante, bebia cachaça porque vivia duro. Foi assim que comecei a gostar dela”, diverte-se Tito. “Hoje, vendo até para presente”, revela ele.

Para ser ‘da boa’, cachaça tem que descer ‘aveludada’

É tanto amor pela bebida que Tito queria mesmo era ter um alambique, mas desistiu devido à burocracia. “Era tanta exigência para a autorização que preferi apenas vender as que já existem”, contou o empresário, que chegou a ter três lojas especializadas em pigas — duas eram franquias, uma delas em São Paulo.

“Mas dá trabalho, porque a franquia você tem que manter a mesma qualidade em todos as lojas e eu precisava sempre viajar para fiscalizar”, explica ele, que agora só viaja para participar de eventos.

Tito é tão ativo no ramo que já ganhou vários prêmios. “Sabia que não seria empregado a vida inteira”, conta ele, que é engenheiro.

E, como um apaixonado pela bebida, dá uma dica de como saber se a cachaça é da boa. “Ela deve descer aveludada, causando uma sensação agradável de calor na boca”, ensina ele.

Outros modos de se identificar uma boa cachaça: a garrafa tem que ter rótulo com dados do produto; ao ser agitada, deve formar círculo de bolhas no gargalo; o líquido tem que ser transparente, sem partículas, ter brilho vivo e não opaco; e, quanto mais lento descer da borda para o interior do copo, mais viscoso é.

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