Niterói - Cerca de 30% dos funcionários das empresas de ônibus Santo Antônio e Garcia estão afastados das funções. A principal causa é o estresse a que os motoristas são submetidos. Foi este o quadro que mostrou a primeira edição do projeto Portas Abertas, da fetranspor, em Niterói, em que moradores da cidade visitam a garagem das empresas.

Se o alto índice de afastamento já é grave, de acordo com o encarregado operacional Carlos Estrela, a situação piora porque falta motorista no mercado. “É muito difícil encontrar profissional. E isso é uma coisa que todo o setor está sofrendo”, conta.
A supervisora de Relacionamentos da Fetranspor, Teresa Rosa, vai adiante e admite que, como sabem que dificilmente serão demitidos e, caso isso aconteça, terão emprego garantido em outras companhias, o profissional do volante acaba cometendo irregularidades. “ São 3,5 mil reclamações por mês. A maioria delas por motoristas que deixam passageiros no ponto”, confirma.
Presidente da Associação de Moradores do Sapê, Roberto Rosa entendeu a situação. Mas mesmo assim ele conta que isso não justifica o serviço que o bairro vem recebendo com a linha 36. “Estamos insatisfeitos. Nossa região tem 16 mil moradores. Falta ônibus. Os poucos que tem são muito quentes”, reclama.
Atualmente, a Garcia conta com 60 ônibus, sendo 12 com ar condicionado. Já a frota da Santo Antônio é de 106 veículos. Destes, apenas 17 são refrigerados. A psicóloga das empresas, Marcele Elethério, não esconde que o calor e o estresse acabam influenciando não apenas o comportamento dos motoristas, mas também dos passageiros.