Por marina.rocha

Niterói - Tudo que já é ruim pode ficar ainda pior. Esta é a sensação de quem precisa usar telefone celular na Região Oceânica de Niterói, que desde o fim de agosto está (boa parte do tempo) fora da área de cobertura. Por lá, os aparelhos só funcionam quando querem. Cinco operadoras atuam na cidade — Claro, Oi, Nextel, Tim e Vivo — e, usuários contam que a prestação do serviço de todas está sempre oscilando.

Surfista Ricardo Tatuí pediu para conceder a entrevista por e-mail porque não consegue receber chamadas no celular desde o mês passado Alexandre Vieira / Agência O Dia

Há três semanas, o surfista Ricardo Tatuí foi um dos que sentiram que o serviço piorou. Cliente da Vivo há dez anos, ele dá aulas de surf e trabalha ainda como corretor de imóveis. “Tenho dois instrumentos de trabalho. A prancha, que está sempre à disposição, e o telefone, que tem me deixado na mão. Acabo sentindo no bolso”, afirmou.

Tiago Gomes, de 32 anos, é outro que acha que “a operadora parece ter saído do ar”. “O serviço oscila o tempo todo, se não fosse o wi-fi, nós estaríamos ilhados. Mas há algumas semanas tudo funcionava normalmente”, contou.

Ele registrou duas reclamações na central de atendimento da operadora, perdendo cerca de 30 minutos em cada uma. A atendente reconheceu que há um problema desde agosto e deu um desconto de 25% na conta, mas, em contrapartida, um prazo de resolução para 20 de outubro.

Por meio da sua assessoria, a Vivo informou que está realizando ações para melhorar o serviço na área. “Já foram concluídas as ativações de duas novas antenas e executadas ampliações de capacidade da tecnologia de 3G... está previsto para o início do próximo ano o lançamento da tecnologia 4G na cidade”, diz a nota.

O administrador de empresas André Vaz, 38, é cliente da Tim e conta que perde ligações de trabalho quando está em casa, no Engenho do Mato. A companhia informou que a cobertura na área é parcial e que o sinal também depende de fatores externos, como áreas de sombra em função de relevo ou construções próximas, condições climáticas ou capacidade de recepção dos aparelhos celulares.

A unidade do Procon em Niterói recebeu 836 reclamações de telefonia móvel neste ano. Com 300 queixas, a Claro é a campeã. Segundo a coordenadora do órgão, Soraia Panella, tem muito mais gente insatisfeita, mas a maioria vai direto à Justiça.

A questão é que muitos consumidores se acostumam com o serviço ruim. É o que explica a advogada do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, Veridiana Alimonti. “É preciso tempo para se queixar, mas o consumidor tem direito a um desconto proporcional ao tempo que ficou sem serviço. E, se houver algum prejuízo, o caminho é solicitar uma indenização”, alertou.

Todas as operadoras informaram que estão realizando investimentos e Niterói será beneficiada.

Cliente ri para não chorar

Operadora virou alvo de brincadeiras nas redes sociaisReprodução Internet

A insatisfação com o sinal da Vivo virou brincadeira na internet. Está sendo divulgada uma imagem que sugere a instalação de uma esponja de aço gigante na ponta da antena da operadora, como se fazia antigamente com as TVs.

A empresária Gabriela Barros, 27, diz que a saída é mesmo essa: Rir para não chorar. “Nunca tive problemas com a Vivo, sempre foi uma operadora cara, mas com um bom serviço. Acredito que o excesso de clientes possa estar provocando essa queda na qualidade”, diz.

Nos sites de avaliação de empresas, como Reclame Aqui e Caiu Tudo, as empresas de telefonia estão sempre entre as dez piores. Na última semana a Vivo ocupou as primeiras posições .

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