Niterói - Trabalhar ‘fora’. O termo é sempre vinculado à imagem da mulher e, de cara, já indica que ‘em casa’ elas sempre trabalharam muito. Hoje em dia, porém, mais do que deixar de ser ‘do lar’, o gênero feminino entrou de cabeça no mundo empresarial. São as aclamadas e respeitadas: mulheres empreendedoras. De acordo com o Sebrae, a quantidade de empregadoras no país cresceu 19% em uma década. Já entre os homens, esse aumento foi de apenas 3%.

“O crescimento da participação da mulher no mercado de trabalho é uma tendência muito forte no país. Esse incremento está impactando também na quantidade de mulheres que escolhem o empreendedorismo como meio de vida e que geram emprego e renda para milhões de brasileiros”, afirma o presidente do Sebrae, Luiz Barretto.
Porém, para o diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Clemente Ganz Lúcio, ainda é preciso avançar mais: “É preciso um conjunto de outras mudanças que envolvem a repartição de responsabilidades e tarefas familiares entre homens e mulheres e a ampliação de políticas públicas que favoreçam a inserção feminina no mercado de trabalho, como aumento da oferta de creche e educação infantil”, disse.
Rafaella Rosa, de 42 anos, concorda. Ela é a ‘chefe’ de Guilherme Araújo, 49, gerente técnico na Play Cipa, em São Gonçalo. Além da relação profissional, os dois são casados e tocam a empresa de serviços de medicina e segurança do trabalho. O negócio foi criado há 20 anos. Na época, eram apenas dois clientes. Hoje são 730. “É um desafio ser mãe, mulher, esposa e empresária”, define ela, afirmando que tenta separar a vida pessoal da profissional. Mas Guilherme a entrega: “Tem dia que às 7h ela me olha e fala que esqueci de fazer algo”, diverte-se.

Outro casal que trabalha junto é Daniele Sampaio, 39, e Jorge Luís Rosa, 52. Eles são sócios na Ar e Ambiente, uma loja de ar-condicionado no Centro de Niterói. Mãe da pequena Luiza, 7, e do anjinho Miguel, 2, a empresária diz sofrer com a dupla função. “Fico com o coração cortado de deixar as crianças, mas não tem jeito”, conta. Tanta dedicação já lhe rendeu um aviso da filha. “Ela diz que vai quebrar meu computador”, brinca.
Aline Santana, 40, atua num ramo visto ainda como masculino. Ela dirige a Bras Solution, em São Gonçalo, que faz testes hidrostáticos de alta pressão em peças para plataformas de petróleo. “É um ramo bem masculino, mas sempre fui respeitada. Acompanho todo o desenvolvimento da empresa”, conclui.

Sebrae abre inscrições para concurso
Mulheres como Daniele, Rafaella e Aline estão na mira do Sebrae para a próxima edição do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios. As inscrições estão abertas. Podem participar empreendedoras do Brasil todo. Criatividade, força de vontade, inovação e a busca pelo conhecimento são alguns dos requisitos analisados.
Ano passado, apenas do estado do Rio, o Sebrae recebeu 813 inscrições. “Não tem como não admitir a mulher no mercado de trabalho. Isso é explícito. Muitas são chefes de família, embora ainda ganhem menos que os homens e nem sempre são chefes, mas isso está mudando”, diz o coordenador do Sebrae Leste Fluminense Américo Diniz Neto . Informações: http://www.mulherdenegocios.sebrae.com.br/.