Niterói - Toda exuberância feminina está exposta nas fotos da mostra Elogio ao Tempo, na Sociedade Fluminense de Fotografia (SFF), no Centro de Niterói. Em homenagem ao Dia da Mulher, cinco alunas da entidade organizaram a exposição, que começou neste sábado e fica em cartaz até o mês que vem. São 25 imagens de mulheres fotografadas por Fátima Marchi, Joanna Kossatz, Mariza Formaggini, Manoela Lemos e Simone Soares.
A mostra foi inspirada na frase “Não era vaidade que a atraía para o espelho, mas o espanto de descobrir-se”, de Milan Kundera. O objetivo é proporcionar uma reconciliação de todas as mulheres com elas próprias. Tanto que até mesmo a concepeção artística das fotógrafas traz traços da personalidade de cada uma. “Abordando a vaidade feminina, cada uma conseguiu mostrar sua marca e todas fizemos um trabalho muito bom, que se encaixou. Queremos que as pessoas reflitam sobre a própria imagem”, diz a curadora Fátima Marchi.
As imagens são conceituais, com silhuetas, autorretratos e até uma artista servindo de modelo para a outra. As fotos de Joanna, por exemplo, discutem os excessos de cirurgias plásticas. Para ela, essa ‘ferramenta’ oferece uma beleza efêmera, quando, na verdade, o ideal é que as pessoas se aceitem. “Não que eu seja contra a cirurgia em todos os casos. Mas muitas vezes é uma agressão desnecessária”, aponta.
Já Manoela espera que as mulheres saiam da exposição revendo seus conceitos de beleza. “Eu quis brincar com o padrão imposto por revistas de moda que muitas vezes faz com que as mulheres se sintam insatisfeitas com o corpo. Para isso, resolvi usar recortes de capas de revista. E foi difícil achar imagens de mulheres com rugas de expressão, sinais ou espinhas. O que seria normal em qualquer ser humano”, relata.
Simone trabalhou mais com autorretratos, representando o autoconhecimento. “Escolhi também uma foto de arquivo da minha mãe dançando, uma homenagem à ela que hoje está com princípio de Alzheimer”, se emociona.
Outra que usou um registro da mãe foi Mariza. A imagem é divertida e cheia de significados. “Enrolei ela toda e fiz um novelo. Aí registrei a foto dela tricotando aquilo para se desenrolar. É como a vida, a pessoa que está enrolada pode optar entre se encalacrar de vez ou arranjar uma forma de sair dali”, explica.
E uma surpresa é que no meio da exposição um espelho reflete a imagem do visitante, tornando-o parte da mostra. O presidente da SFF, Antônio Machado, acha a ideia brilhante. “As fotógrafas são todas da casa e bem experientes. Além disso, por serem mulheres fotografando mulheres as imagens passam muito mais sentimento”, destaca.
A SFF fica na Rua Dr. Celestino 115, Centro. A exposição acontece na galeria Jayme Moreira de Luna e tem entrada franca de seg a sex, de 10h às 20h, e sáb, de 10h às 13h.