Por marina.rocha
O restaurador Alessi trabalha na recuperação de um piano de 1950 Alexandre Vieira / Agência O Dia

Niterói - De acordo com dicionário Aurélio, a palavra ‘novo’ significa o que existe há pouco tempo, entre outras definições. Mas, quando se fala em decoração e arquitetura esse conceito pode mudar totalmente. Por exemplo, uma peça antiga, se reformada ou restaurada, fica nova e faz toda a diferença na decoração da casa.

É o que acontece com quem vai às compras nas lojas de móveis usados da Rua Visconde de Itaboraí, no Centro. São cerca de 16 estabelecimentos que só vendem usados, mas em perfeitas condições. No máximo, é preciso dar uma lixada ou passar um verniz e pronto: o móvel está novo!

Mas qual seria o motivo para comprar a peça usada se há novas no mercado? Elas custam até 50% mais baratas, têm qualidade — são de madeira e muitas ainda contam histórias.

E tem para todos os gostos. As opções vão desde guarda-roupas até penteadeiras art nouveau e móveis dos anos 80. “Quem nos procura não quer só preço bom. Em outras lojas tem até mais facilidade de pagamento, mas as peças não têm a mesma qualidade dos que eu vendo”, avalia Kyrzo Berba, dono da Usa e Usados. 

Ao lado dele fica o restaurador Alessi Miguel de Moraes, da Alex Restaurações. Ele recupera móveis de clientes e também vende os que reforma. A técnica que usa trouxe de Boston, nos Estados Unidos, onde morou.

Uma das peças que ele está trabalhando é um piano da década de 50. “Veio faltando pedaços”, conta.

Outra peça que Alessi restaurou foi a escrivaninha do contador Rubens Monteiro. O móvel foi do pai dele. “Lembro dele guardando documentos assinados por Getúlio Vargas, Epitácio Pessoa e Jânio Quadros (todos presidentes do Brasil)”, conta ele.

Na Clara Móveis o acervo de usados é enorme. Há espelhos, camas e muitos guarda-roupas, um deles inglês da década de 50, e móveis chipandelles — de madeira com detalhes esculpidos.

Kyrzo preza pela qualidade dos móveis de sua lojaAlexandre Vieira / Agência O Dia

A onda é garimpar

Reaproveitar móveis e misturar peças antigas à decoração moderna é uma tendência que vem aumentando, segundo o arquiteto do Grupo Comunicare, Philippe Nunes.

“Os clientes têm nos procurado com essa proposta. Isso causa um contraste no ambiente e até propomos garimpar móveis usados e antigos”, explica Philippe.

De acordo com ele, peças dos anos 80 têm sido as mais procuradas. “Casais na faixa dos 30 anos preferem esse material. Acho que tem a ver com a memória afetiva, já que viveram essa época”.

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