Niterói - Um casarão português lindo entre o Ingá e a Boa Viagem dispõe de um verdadeiro cardápio cultural para os niteroienses. Além do pátio arborizado que convida a um piquenique, o Solar do Jambeiro tem sempre bons eventos para todas as idades. O melhor é que a maioria é de graça.
De acordo com a diretora do Solar, Carla Campos, somente este ano 7,1 mil pessoas já passaram pelo local. “Nós temos uma programação bem diversificada, para todos os gostos, e 95% dos eventos são gratuitos. Aos domingos, por exemplo, tem sempre uma contação de histórias infantis pela manhã e o sarau com música erudita à tarde. Costumo dizer que recebemos gente de zero a 90 anos”, comenta.
A construção já é uma atração à parte. O prédio foi construído em 1872 por um comerciante português. As paredes externas são compostas por azulejos tradicionais. No jardim fica o centenário pé de jambo, que dá nome ao local. O casarão foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1974.
Neste mês, três peças de teatro estão em cartaz. Todo domingo, às 11h, tem o infantil ‘Tá na roda é pra alegrar’. Às terças, às 20h, tem a comédia de costumes ‘O Macaco da Vizinha’, também gratuita. Sexta e sábado, às 20h, é a vez do espetáculo ‘Eu Odeio Cássia Eller’, com entrada a R$ 30.
As exposições são todas gratuitas. Quatro estão em cartaz: ‘Ditadura em Niterói’, ‘Eula’, ‘Fotografias de Marcos Chermont’ e ‘Vintage apps’. E ainda tem a mostra ‘Rastreando a Tiririca’, que estreia na próxima sexta. Elas podem ser vistas de terça a domingo, das 10h às 18h.
Para quem curte shows musicais, nesta semana tem Ronaldo Bandolim, na quarta, às 20h, e o concerto do grupo Boca que Usa, na sexta, às 17h.
Carla Campos destaca que o clima família é o diferencial do espaço: “A gente quer que o Solar seja a casa de todos. Além de ser um espaço agradável, é um local acolhedor. Exerce um fascínio que mobiliza as pessoas. Um diferencial é a relação próxima que existe entre os artistas e o público.”
O Solar do Jambeiro fica na Rua Presidente Domiciano 195, Ingá. Logo em frente está o Museu Janete Costa de Arte Popular, outro espaço cultural que vale uma visita.
Ditadura passada a limpo
Uma parte da história do período da ditadura passada em Niterói está sendo contada em uma exposição na Sala da Resistência, no Solar do Jambeiro. Por lá, estão cartazes com os momentos dos anos de chumbo em cinco locais da cidade utilizados como prisões e pontos de tortura na época: Estádio Caio Martins, em Icaraí; Centro de Armamento da Marinha, na ponta da Areia; Fortaleza de Santa Cruz, em Jurujuba; Ilha das Flores e o Departamento de Ordem Política e Social (Dops), onde está a 76ª DP (Centro).
A mostra foi planejada pela Comissão da Verdade de Niterói. Para o pesquisador Gabriel Souza Cerqueira esta é uma forma de mostrar o trabalho do grupo. “É importante ter essa parte da memória da cidade, uma história que normalmente é deixada de lado. Expomos para a população a pesquisa que estamos realizando”, disse ele.
A exposição apresenta ainda áudios com relatos de torturados em Niterói. Em abril, 3,3 mil pessoas passaram pelo espaço cultural e quase todos viram a exposição. Os mais interessados são os estudantes, entre os quais, a aluna do curso de Produção Cultural na UFF Isabela Carvalho, de 19 anos. “É muito legal conhecer essa parte da história da cidade em que eu moro, até para compreender o que vivemos hoje”, avaliou.
A exposição fica em cartaz até junho. Rua Presidente Domiciano 195. De terça a domingo, de 10h às 18h. Grátis. Classificação: 14 anos.
Reportagem da estagiária Marina Rocha