Niterói - Prmeira no Rio e sétima no Brasil com o melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), Niterói ganhou mais um título. A cidade ocupa também a primeira posição no estado e a sexta no país no novo Ranking do Saneamento do Instituto Trata Brasil. Com 494.200 habitantes, o município tem 100% de distribuição de água e 92,8% de coleta de esgoto, segundo o estudo. “Os resultados são reflexo do plano de metas para o saneamento e da parceria com a concessionária Águas de Niterói. E seremos a primeira cidade do Brasil no ranking do saneamento”, aposta o prefeito Rodrigo Neves.

A nova classificação mostra que Niterói subiu oito posições no ranking nacional, depois de cair cinco colocações, entre 2011 e 2012. A cidade, porém, já foi a terceira do Brasil em 2008. O estudo analisa o acesso da população a serviços de água tratada, coleta e tratamento de esgoto nas 100 maiores cidades do Brasil, onde vivem 40% da população. O primeiro lugar foi Franca (SP). A cidade do Rio de Janeiro ficou com a 56ª posição.
“Saneamento básico significa melhor qualidade de vida para as pessoas que passam a ter seu imóvel valorizado e não faltam à escola ou ao trabalho porque ficam doentes devido a problemas adquiridos pela falta de água e esgoto tratados”, analisou o especialista em saneamento Pedro Scazufca, sócio da GO Associados, que elabora o estudo.
Para fazer a classificação são analisados, principalmente, a coleta e o tratamento de esgoto e de água, os investimentos realizados e a perda de água com ligações clandestinas e vazamentos. De acordo com o diretor da Águas de Niterói, Nelson Gomes, essas perdas são de 17%. “É o menor entre as cidades de mesmo porte. Antes de assumirmos. esse percentual era de 45%”, explica. A concessionária compra por mês da Cedae mais de 4 milhões e meio de metros cúbicos de água. O diretor, no entanto, não revelou o valor pago.
Segundo o instituto, em 2013 Niterói investiu cerca de R$ 32 milhões no saneamento. Para os próximos dois anos, a prefeitura prevê R$ 120 milhões. Apesar dos investimentos, há regiões que sofrem com problemas de saneamento, como Pendotiba, Leste — onde ficam Muriqui, Rio do Ouro, Vila Progresso, Várzea das Moças e Maria Paula — e a Região Oceânica.
A Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Maria Paula, que está em obras, ficará pronta em novembro. Este ano serão iniciadas ainda as construções da ETE do Sapê e, em 2016, a do Badu. Já foi inaugurado o reservatório de Pendotiba e o da Região Oceânica, em Itaipu, a rede de trataemento de esgoto da Ilha da Conceição.

Moradores convivem com esgoto de comunidade na porta de casa
Alguns moradores da Rua Manoel Corrêa, no bairro de Fátima, não têm o que comemorar. Vítimas de um desabamento que destruiu casas em 2010, sofrem também com o problema de esgoto. Segundo eles, o cano que leva o esgoto da comunidade Pé Pequeno, localizada acima da rua, está rachado.
O aposentado Moacyr Pereira, de 61 anos, e o mestre de capoeira Marcos Moreira, 50, convivem, diariamente, com o esgoto na porta de casa. Os imóveis ficam colados no morro.
“O esgoto agora passa na calçada porque fiz um buraco na parede para escoá-lo. Antes ficava na garagem. E ninguém quer comprar a casa por isso”, lamenta Moacyr.
“O esgoto passa todo atrás e na frente da minha casa”, conta Marcos, que paga mais de R$ 3 mil de IPTU. Cansados do abandono, eles entraram na Justiça contra a prefeitura. “O esgoto escorre pela rua, sem contar os outros problemas que temos aqui”, reclama Robson Oliveira, diretor da Associação de Moradores do Bairro de Fátima.
A empresa Águas de Niterói informou que uma equipe vai ao local avaliar a situação.

Concessionária diz não haver problemas
Mesmo com sistema de coleta de esgoto, a Ilha da Conceição tem tipo problemas com o saneamento. O aposentado Adriano Silva, de 28 anos, há um mês, teve a calçada de casa, na Rua Jornalista Sardo Filho, invadida por esgoto.
“Preciso de ajuda para desviar da poça. Até fazem reparo, mas não adianta. É muito mau cheiro”, conta ele. A babá Raphaela Regadas, 25, da Travessa Doutor Holman, reclama da taxa R$ 474,24 referente à obra cobrada pela Águas de Niterói. “Absurdo”, diz ela.
A concessionária informou que não há problema no bairro. Já na Rua Sardo Filho, disse que houve entupimento na rede e que o reparo foi feito na última quinta-feira. Sobre a taxa, alega que é legal.