Por marina.rocha

Niterói - Os vinis vão invadir Niterói no próximo sábado. O ponto de encontro entre os amantes do som chiado com as tradicionais bolachas é no Blueberry Pie Coffe & Co., em Itaipu, a partir das 17h. Com entrada gratuita, o evento terá a participação de mais de dez DJs. Além de ouvir o melhor do vinil, será possível trocar e comprar discos e até equipamentos, como vitrolas. É uma boa oportunidade para quem quer se desfazer de discos que não ouve mais, títulos repetidos e de adquirir ‘velhas novidades’. As duas últimas edições da feira no Blueberry reuniram mais de 300 pessoas cada uma.

DJ João Pinaud com as criadoras da feira Agnes e AdriannaPaulo Araújo / Agência O Dia

Em Niterói a procura pelo vinil só cresce, tanto que ele virou até disciplina no curso de Mídia da Universidade Federal Fluminense (UFF). A cidade também é o berço da ‘Vitrolinha’, festa criada pela DJ Tatá Ogan, que só toca vinil. Ela é uma das atrações da feira de sábado. O projeto atravessou a ponte e já percorreu várias cidades do Brasil, como São Paulo e Curitiba (PR). O caminho inverso também acontece. “Já trouxemos DJs de vários coletivos de vinis de outros países”, garante ela.

“É só chegar. Pode vir para curtir, para trocar discos ou as duas coisas. A proposta é juntar a galera que gosta do som do vinil e fazer um programa diferente na cidade”, avisa uma das donas do café, Agnes Lima, de 32 anos.

Jazz, funk, soul r&b, anos 70, rock, e outros gêneros que fazem a cabeça da moçada vão pular das vitrolas para o pátio do Cancún Shopping, que se transforma numa pista de dança aberta até o último se cansar. É ali também que ficam enfileiradas as dezenas de 'cases' lotadas de discos à espera dos loucos pelo vinil.

“Tem som para todos os gostos, nacionais e internacionais, novidades e raridades”, garante o DJ João Pinaud, de 31, um dos que vai comandar a festa. O primeiro disco da Furacão 2000, ‘Nó na Orelha’, do rapper brasileiro Crioulo, lançado em 2011 em vinil, e o clássico dos anos 70 ‘Sex Machine’, de Jamies Brown, o pai do funk, entre outros, são presenças garantidas na vitrola.

“Niterói tem público para esse mercado, mas faltam ainda oportunidades como essas para as pessoas que gostam desse tipo de evento. Antes, tínhamos que ir a festas sobre o tema no Rio e à feira da Praça 15 garimpar vinis. Hoje, isso está mudando em Niterói”, comemora a outra sócia do Blueberry, Adrianna Menezes, 29.

DJ Tatá Ogan%2C que só toca vinil%2C é atração da feira que acontece sábadoDivulgação

Tatá explica o sucesso dos discos: “Muitos artistas estão relançando seus trabalhos em vinil, que está sendo cada vez mais valorizado”. Ela é um desses. A DJ vai lançar uma música autoral em vinil pela Tomba Records, selo de Niterói. “Será um compacto, formato menor que as bolachas tradicionais. Nunca deixei de ouvi-los.”

Paixão virou disciplina

O som que sai da vitrola não é a única coisa que atrai os aficcionados pelos vinis. O prazer em manuseá-los, alguns são até coloridos, e em ver suas capas e encartes — coisa que não tem nos CDs — também faz a cabeça da moçada. Toda essa riqueza de detalhes, que vai além da música, é estudada pelos universitários do curso de Mídia da UFF.

Uma vez por mês, eles fazem o ‘Escuta Comentada’, onde apresentam todas as informações e histórias sobre as bolachas. O evento é grátis, aberto ao público e acontece em sala de aula. “Era um projeto de extensão da UFF e se tornou tão importante que virou disciplina. Os alunos fazem fila para se matricular”, explica o professor e doutorando Lucas Waltenberg .

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