Niterói - O comércio ainda está amargando o desempenho das vendas na semana no Dia das Crianças. De acordo com a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), houve queda em 8,9% em todo o Brasil em relação ao mesmo período do ano passado. Em Niterói, houve grande variação. Alguns tiveram a mesma faixa que em 2014, mas outros...
A loja de brinquedos Brink Center, que fica em Icaraí, vendeu 10% a menos que o ano passado. O gerente do estabelecimento, Lucas Bruno da Fonseca, diz que além da crise econômica do país, o feriado prolongado atrapalhou bastante as vendas. “O esperado era superar o ano passado. Os clientes estão pesquisando mais, buscam lugares que parcelam mais vezes”, avalia ele.
O que se percebe é que há uma mudança no comportamento do consumidor. E economizar virou o lema de muita gente. A arquiteta Mariana Alberti, de 24 anos, deu uma bola de R$ 30 para o pequeno Arthur, de 2 anos. “Ele até estava pedindo um boneco do Batman, mas é muito caro. Preferi gastar menos agora para dar algo melhor no Natal”, conta.
E agora é olhar para frente mesmo. Para o fim do ano, a expectativa é de que as vendas por aqui se mantenham, podendo aumentar em até 3%, segundo o presidente do Sindilojas de Niterói, Charbel Tauil. “Niterói é uma cidade atípica, que vive basicamente do funcionalismo público, do comércio e de serviços. O que vai reduzir é o número de ofertas de vagas temporárias, deve cair em até 30%”, explica.
Analisando o cenário atual, o economista Augusto Franco, que esteve em uma palestra na cidade na última semana, afirma que a situação é complicada. Segundo dados do relatório Focus, do Banco do Brasil, até o fim de 2016 a indústria brasileira estará produzindo 11% a menos que seis anos atrás.
E um dos setores mais afetados foi o naval. Franco diz que era impossível que a Região Leste-Fluminense não sentisse os impactos da crise, uma vez que parte importante de construção e de reparos do parque naval brasileiro está aqui.
Mas, nem tudo está perdido. O especialista destaca ainda um ponto que pode ser positivo para a região: o aumento do turismo interno, por conta da alta no dólar. “É uma região que tem vocação para o turismo e já tem infraestrutura. Com a mudança no câmbio, o turismo interno aumenta. Além disso, o Brasil se tornou um destino barato para turistas do exterior. As empresas devem ficar de olho para capturar esta demanda”, diz Franco.
Bancos em greve geram mais prejuízos para as lojas
Como se não bastasse a crise, o comércio também enfrenta a greve dos bancários, que estão parados desde o dia 6 deste mês. Segundo o presidente do Sindilojas, Charbel Tauil, cada dia de bancos fechados representa queda de 20% no movimento das lojas.
Tanto é que eles entraram com uma ação contra a Federação Brasileira de Bancos, a Febraban. “Muita gente não tem como resolver tudo pela internet. Os próprios comerciantes não conseguem pagar contas de valores mais altos. O nosso objetivo é que os bancos não cobrem juros e multas para contas com vencimento durante a greve e não mandem títulos a protesto por falta de pagamento”, conclui Tauil.
Reportagem de Marina Rocha