As autoras Eliane Araújo e Carmem FeijóDivulgação/Ascom
Professoras debatem futuro da indústria na UFF
Faculdade de Economia vai receber lançamento do livro Industrialização e desindustrialização no Brasil
Niterói - No momento em que o governo aposta na neoindustrialização, o novo livro organizado pelas economistas Carmem Feijó e Eliane Araujo aponta caminhos. Lançado pela editora Appris, “Industrialização e desindustrialização no Brasil – Teorias, evidências e implicações de política” será lançado em Niterói, nesta quinta-feira (25), às 16h, no auditório da Faculdade de Economia da UFF, no Bloco F do Campus do Gragoatá. Para as organizadoras, a leitura pode ajudar a entender como recuperar a indústria e reindustrializar o país com o compromisso de adotar processos ambientalmente sustentáveis e tecnologicamente competitivos. Professora titular da UFF, Carmem Feijó tem pós-doutorado na Columbia University, doutorado pela University College London e é bolsista de produtividade do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq). Eliane Araujo possui doutorado na UFRJ e pós-doutorado na Universidade de Cambridge e na Fundação Getúlio Vargas. É professora do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Maringá e do programa de pós-graduação em Economia da UFRGS, e bolsista de produtividade em pesquisa nível 1 do CNPq.
Com prefácio do economista Luiz Carlos Bresser-Pereira, mais do que trazer uma análise sobre a história da indústria brasileira, o livro evidencia as especificidades nacionais e como elas dialogam com o debate internacional sobre a importância da manufatura para o desenvolvimento econômico. No texto, o professor diz que “um livro sobre a industrialização e a desindustrialização do Brasil e seus pressupostos teóricos é sempre bem-vindo. O Brasil vem se desindustrializando desde meados dos anos 1980, mas os economistas brasileiros, habituados ao processo de acelerada industrialização desde 1930 até 1980, demoraram para se dar conta de que isso estava acontecendo.”
Segundo Eliane Araujo e Carmem Feijó, ao tratar do processo de desindustrialização que provoca baixo dinamismo há três décadas no país, o livro aponta que o principal caminho para a retomada do crescimento é através de uma política setorial com foco no setor industrial, que busque a recuperação e modernização do parque industrial. “Isso porque, mesmo com o crescimento do setor de serviços, a indústria manufatureira é o setor mais dinâmico da economia e, quando cresce, alavanca o crescimento dos demais setores da economia”, explicam as organizadoras.
Também autoras dos artigos ao lado de outros 28 especialistas, elas destacam que os textos explicam a macroeconomia da desindustrialização, caracterizada pela inconsistência entre políticas industriais e políticas macroeconômicas que penalizam investimento privado e investimento público em infraestrutura. O livro contextualiza também a desindustrialização com foco setorial, constatando que a manufatura brasileira retrocedeu, tanto em termos da composição industrial e em termos de valor adicionado, quanto na pauta de exportação para bens com maior conteúdo tecnológico. As professoras citam ainda a importância do financiamento público, através de bancos de desenvolvimento, “dada nossa acentuada heterogeneidade em termos de estrutura produtiva e produtividade”. Uma das alternativas apontadas para a virada de chave é a inserção da economia brasileira nas cadeias globais de valor que levem a uma especialização em atividades de baixo valor adicionado.
Para Carmem Feijó e Eliane Araujo, conhecer as especificidades da desindustrialização é um fio condutor para o debate sobre como reindustrializar, aumentar a produtividade e a competitividade brasileiras. Citando textos do livro, elas explicam que, em grandes linhas, a reindustrialização deve focar em setores com crescentes economias de escala e cadeias produtivas densas, que potencializem a introdução e disseminação de progresso técnico: “Também a transição climática, o grande debate internacional atual, representa uma janela de oportunidade para nossa indústria desenvolver novos produtos e processo eficientes no uso de recursos não renováveis. Uma mensagem importante do livro é que temos potencial para voltar a crescer através de uma indústria de transformação forte e competitiva. Temos a possibilidade de, com vontade política, renovar nosso parque industrial com o compromisso da sustentabilidade ambiental e contribuindo para a redução da desigualdade social.”
'Industrialização e desindustrialização no Brasil – Teorias, evidências e implicações de política' é um livro que tem, por ordem de apresentação, artigos assinados por André Nassif, Eliane Araujo, Natalia Izelli Doré, Helis Cristina Zanuto Andrade Santos, Marta dos Reis Castilho, Fabio Neves Peracio de Freitas, Carmem Feijó, Fábio Henrique Bittes Terra, Fernando Ferrari Filho, Hugo C. Iasco Pereira, Fabrício J. Missio, Carlos Eduardo Caldarelli, Rinaldo Aparecido Galete, Mara Lucy Castilho, Ana Cristina Lima Couto, Marília Bassetti Marcato, Pedro Dias de Oliveira, Samuel Costa Peres, Elisangela Araujo, Murilo Andriato, Roberto Rodrigues, João Prates Romero, Cínthia Santos, Alexandre de Queiroz Stein, Gustavo Britto, Matheus Terentin, Tiago Couto Porto, Nelson Marconi, Lourenço Galvão Diniz Faria e Paulo César Morceiro.
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