Rio - A conduta do motorista André Luiz da Silva Oliveira, de 33 anos, que teria revidado com xingamento às agressões do universitário Rodrigo dos Santos Freire, 25 anos, vai levar o Sindicato das Empresas de Ônibus do Município do Rio (Rio Ônibus) a repensar seus cursos de treinamento.
Um das propostas é a criação de um ‘manual de crise’ — com orientações sobre como agir em casos como o que motivou a tragédia na linha 328 — e de um diário de bordo dos profissionais, onde eles relatariam episódios de ofensas e ataques de passageiros.
Segundo o vice-presidente da Rio Ônibus, Otacílio Monteiro, a ideia será levada para a próxima reunião dos empresários. “Um motorista circula entre 250 quilômetros a 300 quilômetros por dia, e nem sempre temos passageiros ‘britânicos’. Neste longo percurso que eles fazem, ficam muito expostos, o que provoca traumas”, afirmou Otacílio.

Apesar de submetidos a treinamento na área comportamental — como, por exemplo, agir em situações de assalto — e de direção consciente, os motoristas de ônibus não aprendem regras sobre como devem conduzir um caso de agressão física e verbal.
A tragédia na saída da Ilha do Governador, aliás, foi uma das questões debatidas ontem por colegas de André Luiz. “Ninguém sabe o que fazer. Ele teria que parar o ônibus ou deveria ter chamado a polícia no primeiro golpe que recebeu do estudante?”, questionou um profissional, que não quis se identificar.
Diante do desespero de parentes e amigos, as vítimas do trágico acidente começaram a ser enterradas ontem. O funcionário da UFRJ Marcius Flavio do Nascimento, 42 anos, foi homenageado por 50 pessoas na tarde desta quarta-feira no cemitério de São Gonçalo.

A viúva, Michele Vieira do Nascimento, 34, estava em estado de choque e não acompanhou o enterro. A festa da filha caçula do casal, que completou 1 ano ontem e estava marcada para sábado, foi cancelada.
Advogada vai recorrer
A advogada do motorista André Luiz da Silva Oliveira, Márcia Dias, considera absurdo o indiciamento do seu cliente por homicídio doloso.
Para Márcia, não há provas de que André tenha agido com a intenção de matar ou ferir alguém. ”Por enquanto não há perícia que comprove direção irresponsável ou acima do limites de velocidade. Existem relatos de pessoas, muitas delas ainda hospitalizadas. Vamos recorrer dessa decisão”, revelou a advogada.