'Nunca abreviei vida de ninguém', diz médica acusada de acelerar mortes
Virgínia Soares Souza diz que apenas exerceu a medicina
Por helio.almeida
Curitiba - Enquanto aguarda a conclusão do caso que investiga a morte de pacientes na UTI de um grande hospital de Curitiba, no Paraná, a médica Virgínia Soares Souza, apontada como a pessoa que dava ordens para que os aparelhos tivessem sua potência diminuída, aguarda o inquérito em liberdaqde e se diz inocente:
"Eu nunca abreviei a vida de ninguém. Eu só exerci exatamente a medicina como ela tem que ser", disse amédica, ao programa Fantástico dente domingo, que mostrou ela em gravações debochando da unidade hospitalar: "Quero desentulhar essa UTI que está me dando coceira". Para ela, a declaração "foi um desabafo", devido ao grande número de pedido de vagas.
Mínimo de oxigênio
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Uma das vítimas foi Ivo Spitzner, que morreu em janeiro passado, aos 67 anos. Ele tinha sido internado para operar problemas de circulação no pé, mas o quadro clínico de Ivo piorou e ele foi para a UTI. "Era um paciente que já tinha uma doença vascular desde 1996", afirma Virgínia. Dona Zenaide, viúva do pacientee, disse que "ele nunca ficou na cama", conta.
Na UTI, Ivo teve parada cardíaca. O prontuário mostra que, no dia da morte, ele recebia oxigênio a 47%, mas foi reduzido para 22%, quase o limite mínimo. Um dos medicamentos receitados foi o Pavulon - que paralisa os músculos, inclusive os da respiração. O que acabou acontecendo.
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"Foi um quadro que não tinha mais retorno", afirma Virgínia. Mas o membro da Associação Internacional de Bioética, o cardiologista José Eduardo Siqueira discorda. "Não há justificativa técnica pra se usar o Pavulon, porque ele já está entubado”, diz.
Investigados
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A polícia e o Ministério Público investigam também mais de 300 mortes consideradas suspeitas na mesma UTI, entre 2006 e 2013. Virgínia e mais três médicos e duas enfermeiras do Hospital Evangélico são acusados por homicídio e formação de quadrilha.