Por julia.amin

Brasília – O Senado instalou nesta terça-feira a comissão parlamentar de inquérito (CPI) que investigará as denúncias de espionagem feita pela Agência de Segurança Nacional americana (NSA) às comunicações brasileiras via internet. No escândalo mais recente, até a presidenta Dilma Rousseff e seus assessores próximos tiveram as correspondências rastreadas e monitoradas pela agência.

Preocupados com a segurança do jornalista Glenn Greenwald, que recebeu e divulgou os documentos do ex-agente da NSA, Edward Snowden, os membros da CPI aprovaram requerimento para que ele receba proteção policial. A presidenta da comissão, senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) lembrou que Greenwald teve o apartamento invadido no Brasil, quando foi roubado um laptop.

Além disso, foi aprovado requerimento para que a Polícia Federal disponibilize profissionais para assessorar a CPI. A presidenta da comissão também comunicou que entrará em contato com os ministros da Justiça e da Defesa, além da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Na primeira reunião da CPI, o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), que foi indicado relator, sugeriu que a presidenta se manifeste sobre o assunto durante a próxima reunião da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) e durante visita da presidenta aos Estados Unidos.

“Em setembro, teremos a reunião anual da Assembleia Geral das Nações Unidas, em que o Brasil tradicionalmente faz a abertura. Julgo ser uma oportunidade excepcional para que a presidenta Dilma possa abordar o tema e possa criar todo tipo de constrangimento. Em outubro, temos a previsão de uma visita que a presidenta Dilma fará ao presidente Barack Obama. Creio que esse tipo de agenda [espionagem] terá que constar, por conta de explicações que, julgo, o governo americano deve ao povo brasileiro”, disse Ferraço. Ele disse que pretende convidar o embaixador americano para dar explicações na CPI.

Também membro da comissão, o senador Roberto Requião (PMDB-PR) defendeu medidas mais duras. Na opinião de Requião, o objetivo do governo americano era obter ilegalmente dados que pudessem favorecer suas empresas em disputas comerciais. Por isso, o senador defendeu que o governo brasileiro deixe as empresas de fora de disputas, como a venda de caças ao Brasil e a concorrência pela exploração do Campo de Libra, do pré-sal.

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