São Paulo - O prefeito Fernando Haddad disse na manhã desta segunda-feira que pagou do próprio bolso dois aluguéis no valor de R$ 500 cada para manter uma sala ao lado do escritório da quadrilha suspeita de desviar R$ 500 milhões em fraudes no recolhimento do ISS. "Essa é outra coisa que eu pago com alegria."
Ele explicou que, como a Prefeitura não tem legislação que permita usar o dinheiro sem publicar o objetivo no Diário Oficial, ele e o controlador geral do município, Mário Spinelli, dividiram os gastos com o aluguel da sala comercial no largo da Misericórdia, que garantiu a instalação de uma escuta ambiental autorizada pela Justiça. Spinelli disse ter pago uma parcela das duas de R$ 3,7 mil do seguro fiança para alugar a sala.
"Quando você tem que botar a mão no bolso para pagar o aluguel para combater a corrupção, é porque a falta de aparelhamento é total", criticou Haddad, que diz estudar medidas de dotar de recursos próprios a Controladora Geral do Município (CGM) para atuar em investigações, de uma forma que ela só precise prestar contas ao término da operação. "Você precisa estruturar o Estado para se defender", disse.
Haddad ressaltou a importância da CGM no combate à corrupção na Prefeitura, o que classificou como uma "mudança de postura" nas investigações. "Novos 16 processos foram instaurados, que não dizem respeito a esse esquema", disse Haddad.
O prefeito disse que uma das descobertas da investigação da fraude no ISS, a pousada de luxo de propriedade de um dos servidores investigados, foi feita com auxílio das redes sociais. "Essas pessoas usam apelidos no Facebook e você consegue saber que por trás daquele apelido está um servidor e ele se sente à vontade para postar fotos, e você vai cruzar as informações", disse Haddad. "A sintonia tem sido perfeita entre a CGM e o Ministério Público."
Reportagem Natália Peixoto