Por helio.almeida

Brasília - A presidenta Dilma Rousseff participou nesta quinta-feira, ao meio-dia, da solenidade ao ex-presidente João Goulart, o Jango. A urna com os restos mortais do presidente deposto pelo Golpe Militar foi recepcionada com 21 tiros de canhão. O corpo de Jango foi exumado na quarta-feira após, em março deste ano, a família do ex-presidente pedir para que seja apurada a real causa de sua morte. Acredita-se que Jango morreu envenenado, apesar do laudo oficial apontar um infarto.

Em sua conta no Twitter, Dilma disse que a solenidade de honra ao ex-presidente é uma afirmação da democracia no Brasil, que se consolida com este gesto histórico. “Hoje é um dia de encontro do Brasil com a sua história", disse. Este é um gesto do Estado brasileiro para homenagear o ex-presidente João Goulart e sua memória. Essa cerimônia que o Estado brasileiro promove hoje com a memória de João Goulart é uma afirmação da nossa democracia. Uma democracia que se consolida com este gesto histórico”, disse.

Jango recebe honras militaresDivulgação

A cerimônia ocorreu na Base Aérea brasileira e todos os ex-presidentes foram convidados. Para a Presidência, essa foi uma forma de homenagear o ex-presidente que, na época, não contou com esse ritual concedido aos chefes da Nação. Jango recebe as honras militares que compreendem, entre outros aspectos, salva de 21 tiros, execução do hino nacional e condução do esquife com os restos mortais por militares até o local onde será prestada a homenagem.

Suspeita de envenenamento

A causa oficial da morte, um ataque cardíaco, nunca convenceu a família, que acusa o governo militar da época, de Ernesto Geisel, junto com governos militares da América do Sul (Operação Condor) de ter envenenando o ex-presidente. Com a análise pericial dos restos mortais de Jango, a expectativa é de que os laudos periciais sejam somados às demais investigações, incluindo as documentais e testemunhais, na busca de um esclarecimento sobre as causas que levaram ao óbito do ex-presidente. Jango morreu em 1976 exilado na Argentina.

O processo de exumação teve início em 2007, por iniciativa de familiares. Com a instalação da Comissão Nacional da Verdade (CNV), em maio de 2012, foi criado um grupo de trabalho que vem coordenando as investigações em torno da morte de João Goulart. O trabalho é feito, de forma conjunta, pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) e pela CNV.

Exumação durou 18 horas

O corpo de Jango permanece na capital federal até 6 de dezembro. A exumação dos restos mortais do ex-presidente, que teve início nesta quarta-feira, no Cemitério Jardim da Paz, na cidade de São Borja (RS), foi concluída com êxito após pouco mais de 18 horas de trabalho. Concluída às 2h desta quinta, a exumação envolveu 12 profissionais do Brasil, Argentina, Cuba e Uruguai.

O médico João Marcelo Goulart, neto do ex-presidente, teve participação efetiva em todo o procedimento. Exilado pela ditadura militar na década de 60, Jango morou no Uruguai e depois na Argentina, onde veio a falecer em 6 de dezembro de 1976.

Eleito duas vezes vice-presidente da República, em 1955 e 1960, João Goulart tornou-se Presidente da República em agosto de 1961 com a renúncia de Jânio Quadros. Em sua posse, em 7 de setembro de 1961, Jango afirmou que todo o país deveria se mobilizar na luta pela emancipação econômica, contra a pobreza e contra o subdesenvolvimento.

Jango pediu união pela luta contra pobreza


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