SP: Número de desaparecidos em Itaóca sobe para 15
Número aumentou devido a dificuldade de acesso ao centro da cidade
Por julia.sorella
Itaóca - O número de pessoas desaparecidas depois da enxurrada que atingiu o município de Itaóca, no Alto Vale do Ribeira, no interior de São Paulo, no último domingo, foi atualizado para 15 na manhã desta quarta-feira pela Defesa Civil estadual. Até esta terça-feira, as buscas eram por oito pessoas.
De acordo com o coordenador do órgão, coronel Aurélio Alves Pinto, o número aumentou porque as famílias dos desaparecidos estavam com dificuldade de acesso ao centro da cidade e ainda não haviam repassado as informações às autoridades. O número de mortos permanece em 12.
As buscas contam com 50 bombeiros, quatro cães farejadores, além de botes. O Rio Palmital transbordou no domingo e atingiu a cidade. A enxurrada, após forte chuva nas serras ao redor da cidade, foi apontada como causadora da tragédia.
Além da busca pelos desaparecidos, a força tarefa montada para atendimento aos moradores, trabalha na limpeza da área central do município. Na manhã de hoje, boa parte da lama que tomou conta das ruas havia sido retirada. A prefeitura estima que a remoção deva durar pelo menos mais três dias.
Um dos trabalhos prioritários hoje é reinstalação da Ponte José Valério, que liga parte central de Itaóca a oito bairros rurais. “Toda a estrutura [da ponte] foi deslocada, mas está em um local próximo, por isso pode ser recolocada”, informou o coronel Aurélio Alves Pinto. De acordo com a Defesa Civil, quando a ponte for reinstalada, a energia elétrica poderá ser restabelecida em 100% na cidade. Neste momento, 80% do município conta com o serviço.
O pai de Adão Dias de Lima, de 75 anos, foi uma das pessoas afetadas pela queda da Ponte José Valério. “Meu pai precisa fazer hemodiálise três vezes por semana. Ele precisava ter feito no domingo, mas não fez. Foi fazer na segunda-feira, mas ele já estava com dificuldade de andar”, contou o filho.
Segundo ele, a primeira parte do deslocamento teve de ser feito a pé. Um trajeto de 40 minutos da casa onde mora até a ponte. “Colocamos ele nas costas, [caminhamos] a pé, até que conseguimos”, relatou. No trecho em que foi possível percorrer de carro, uma ambulância o levou até o helicóptero.
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A agricultora Regina Rosa Dantas, 36 anos, também precisou fazer o percurso a pé para chegar ao centro. “Agora eu consegui uma carona para chegar até aqui [ponte]. Mas quando não tem, fica complicado. Antes a gente tinha um ônibus coletivo”, apontou. Ela também relatou enfrentar dificuldades com a falta de energia elétrica.
A prefeitura de Itaóca solicitou à força-tarefa que um subcomando fosse montado nas comunidades de Guarda Mão e Lajeado, as zonas mais afetadas pela enxurrada. “Conversamos com os moradores e vimos que as pessoas estão desnorteadas. Aqui no centro, que também foi uma área muito atingida, há um centro de comando. A gente acha que ele tem de ser levado também para as outras comunidades”, disse o prefeito Rafael Camargo. Ele reforçou que a cidade precisa de doações, principalmente itens de limpeza e de higiene pessoal.