Brasília - Em depoimento à Comissão da Verdade do Estado do Rio de Janeiro, o coronel da reserva do Exército Raymundo de Campos confessou ter participado de uma farsa para encobrir a morte, por tortura, do ex-deputado Rubens Paiva, em 22 de janeiro de 1971. Campos, capitão na época, contou que naquela noite recebeu do então major Francisco Demiurgo Santos Cardoso a ordem de dirigir um Fusca até o Alto da Boa Vista e incendiá-lo para forjar um ataque de terroristas.
O major informou que o falso ataque seria para encobrir a morte de um preso. Ele disse que só depois soube que era o ex-deputado Rubens Paiva.
O político, cassado pela ditadura em 1964, foi sequestrado em casa, no Leblon, no dia 20 de janeiro de 1971 e levado para o Destacamento de Informações do 1º Exército (DOI-1), na Tijuca. Lá, foi reconhecido por outros presos, que também foram torturados. E ainda foi atendido pelo psiquiatra Amilcar Lobo, que acompanhava as sessões de tortura.
Na época, para tentar justificar o desaparecimento de Paiva, o Exército divulgou a versão de que ele fora resgatado por guerrilheiros no Alo da Boa Vista. Segundo o coronel Raymundo de Campos, essa alegação e o incêndio do Fusca foram “um cineminha” do Exército.