Por bferreira

Brasília - O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato, vai pedir à Justiça da Itália o direito de ficar no país, onde foi preso na quarta-feira por determinação do governo brasileiro. Ele sabe que, por ter cidadania italiana, dificilmente será extraditado para o Brasil, onde foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 12 anos e sete meses de prisão por participação no esquema do Mensalão.

Hoje, o advogado do ex-executivo, Lorenzo Bergamini, entrará com pedido de relaxamento de prisão dele. A solicitação será na primeira audiência de Pizzolato, quando ele será oficialmente apresentado à Justiça.

Na audiência, Bergamini vai argumentar que seu cliente não oferece risco à Itália e, por isso, pode ficar em prisão domiciliar, usando bracelete eletrônico, enquanto espera o julgamento do pedido de extradição feito pelo Brasil e o processo por uso de documentos falsos. Além disso, o advogado vai argumentar que Pizzolato não tem interesse em fugir da Itália porque, se fosse preso em outro país, certamente seria mandado de volta para cumprir a pena no Brasil.

Pizzolato continua na prisão Santana, em Modena, para onde foi levado na quarta-feira, logo após ser detido em Maranello. Segundo Lorenzo Bergamini, ele está muito abatido.

O ex-executivo do BB foi encontrado na casa de um primo, onde estava abrigado desde o ano passado, após passar pela Argentina e pela Espanha. Na fuga, ele usou identidade, título de eleitor e passaporte em nome do irmão, Celso Pizzolato, que morreu em 1978.

As investigações descobriram que Pizzolato começou a fraudar documentos em nome de Celso em 2007, logo após ser aberto o processo para investigar o Mensalão. Primeiro, ele, usando a certidão de nascimento do irmão, tirou carteira de identidade em Florianópolis (SC). Em seguida, viajou ao Rio de Janeiro e conseguiu um CPF e um título de eleitor em nome de Celso. De volta a Santa Catarina, ele foi à cidade de Lages, onde conseguiu tirar o passaporte.

Com documentos em nome de Celso, ele cruzou a fronteira do Brasil com a Argentina, foi a Buenos e embarcou, em 12 de setembro de 2013, para Madri, de onde seguiu para a Itália.

TSE cobra investigação

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Marco Aurélio Mello, informou ontem que vai pedir à Procuradoria-Geral da República que investigue como Pizzolato obteve o título de eleitor falso. O ministro admitiu que o sistema de cadastro da Justiça Eleitoral é falho. Para ele, as falhas serão superadas quando todos os eleitores forem cadastrados por meio da biometria, processo no qual o cidadão é identificado pelas digitais. “Estou fazendo, diante dos fatos noticiados, um ofício ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para que ele tome as providências cabíveis”, disse o ministro.

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