Por leonardo.rocha

Rio - O Cineclube Henfil de Maricá, município da Região dos Lagos do estado do Rio de Janeiro, encerra nesta quarta-feira, às 19 horas, a programação de março relativa aos 50 anos do golpe militar que instaurou a ditadura no país. A programação, batizada Ditadura Nunca Mais, vai exibir o documentário O velho – A História de Luís Carlos Prestes, de 1997, dirigido por Toni Ventura, que aborda a vida do líder do Partido Comunista Brasileiro (PCB).

O filme reúne imagens raras do líder comunista, depoimentos de parentes, jornalistas e ex-integrantes do PCB, além de extenso material de arquivo, que relata desde a marcha da Coluna Prestes, nos anos 20; as relações de Prestes com o ex-presidente Getulio Vargas; o romance com Olga Benário, morta em um campo de concentração na Alemanha; até a repressão política, durante a ditadura. Prestes foi perseguido pelos militares e terminou exilando-se na União Soviética, de onde retornou em 1979, devido à anistia. Ele morreu no Rio de Janeiro, aos 92 anos de idade.

Passeata dos Cem Mil%2C organizada por movimentos estudantis%2C tomou as ruas da Cinelândia contra a ditadura militar em 26 de junho de 1968AJB / Campanela Neto / 26.6.1968


Durante todo o mês de março, o Cineclube Henfil relembrou histórias relacionadas ao regime ditatorial brasileiro, encerrado em 1985, com a eleição de Tancredo Neves para a Presidência da República, por meio do Colégio Eleitoral, integrado por deputados federais e senadores.

Nesta quita-feira, é a vez do Cineclube Anistia, da Organização Não Governamental (ONG) Anistia Internacional lembrar os 50 anos do golpe militar com a exibição do filme O Dia que Durou 21 Anos. O documentário de Camilo Tavares será apresentado ao público, também gratuitamente, na sede da ONG, em Laranjeiras, zona sul do Rio de Janeiro, marcando parceria iniciada no ano passado com o Festival de Cinema do Rio. Serão disponibilizados ao público 50 lugares.

Jandira Queiroz, coordenadora do Cineclube Anistia, informou hoje (26) à Agência Brasil que o projeto foi iniciado em janeiro, e estabeleceu a apresentação, na última quinta-feira de cada mês, de um documentário que tenha ligação com um dos temas de direitos humanos, sobre os quais a Anistia Internacional trabalha. “E também com o tema que a gente estiver trabalhando naquele momento específico”, ressaltou. Ao todo, serão exibidos nove filmes até setembro, que tenham sido apresentados em edições anteriores do Festival de Cinema do Rio.

Na sexta-feira (28), o Projeto Sala Cult, idealizado pela Secretaria Municipal de Cultura de Maricá, prestará tributo ao compositor Geraldo Vandré, cuja música Pra Não Dizer que Não Falei das Floresacabou se transformando em ícone da resistência do movimento civil e estudantil à ditadura militar, ao ser apresentada no Festival da Canção, em 1968. O compacto com a música de Vandré foi imediatamente censurado pelo governo militar e acabou recolhido de todas as lojas de disco.

Autor de outros sucessos, como Disparada, música que ficou famosa na voz de Jair Rodrigues, Vandré terá sua homenagem coincidindo com a exposição de fotos e cartazes que lembram o golpe de 1964. As músicas do compositor serão interpretadas no show de Ronaldo Valentim e banda Amigos da Cultura, todos funcionários da secretaria, segundo informou a coordenadora do Projeto Sala Cult, Dalva Alves.

A programação alusiva à ditadura militar prosseguirá durante o mês de abril, quando será prestada homenagem aos compositores Chico Buarque de Holanda, Caetano Veloso e Gilberto Gil, também perseguidos pela ditadura militar. “Vamos fazer o mês de abril político”, disse Dalva, adiantando que serão apresentadas somente músicas de cunho político. A exposição alusiva aos anos da ditadura militar (1964 a 1985) prosseguirá aberta ao público até o final do próximo mês.

Você pode gostar