São Paulo - Num país de dimensões continentais como o Brasil, enquanto o Sudeste sofre com a falta de chuvas, o Norte agoniza com as cheias do Rio Madeira provocadas por tempestades. Ontem, num alerta sobre a gravidade no abastecimento de água em São Paulo, o diretor-presidente da ANA (Agência Nacional de Águas), Vicente Andreu Guillo, pediu que medidas restritivas, como o racionamento, sejam adotadas para o Sistema Cantareira, que ontem atingiu a menor marca de sua história, 13,3%. A falta d’água pode afetar 9 milhões de pessoas em São Paulo.
Para o diretor da agência, não há solução técnica de engenharia possível no curto prazo para resolver o problema da Região Metropolitana de São Paulo e da Bacia do Rio Piracicaba, que abastece Campinas e região. “Os dirigentes têm que tomar medidas preventivas, pois são necessárias no curto prazo”, disse Guillo, em audiência pública na Câmara dos Deputados.
Guillo defende solução negociada entre os governos de São Paulo e do Rio sobre a proposta paulista de captar água na Bacia do Rio Paraíba do Sul. A intenção do governo paulista é interligar um dos rios da bacia ao Sistema Cantareira.
“A agência está fazendo um esforço para colocar à mesa São Paulo e Rio para fazer essa discussão e buscar uma solução integrada. A discussão dos dois estados, no começo, me pareceu que tinha mais a ver com voto do que com água. Estamos vivendo um problema que está inserido dentro de um quadro político-eleitoral”, disse Guillo.
Sobre a polêmica, o vice Luiz Fernando Pezão, a ser empossado hoje no governo do Rio, em série de reportagens de O DIA na semana passada, disse que “a solução pede discussão técnica e não política para o assunto”.
Enquanto isso, o Acre diz que levará três anos para se recuperar das cheias
Três anos. Este é o prazo mínimo que a chefe da Casa Civil do Estado do Acre, Márcia Regina, diz ter sido dado pela Federação do Comércio para a plena recuperação dos prejuízos causados pela cheia do Rio Madeira, em Rondônia. O aumento histórico no nível das águas do manancial acabou comprometendo o transporte de cargas e insumos para o estado através da BR-364, provocando crise no abastecimento.
Com a travessia do Madeira cada vez mais difícil, houve escassez de itens da cesta básica, além de gás e combustível, o que levou alguns motoristas a correr para os postos.“Numa conversa que o governador Tião Viana teve com a Secretaria da Fazenda ,houve estimativa de perdas em R$ 203 milhões. Hoje recebemos comunicado da Fecomércio que estima impacto muito forte na economia, pois, somente em março, houve redução de 75% do ICMS por conta de não ter circulação de mercadoria. Então a Fecomércio estima uma recuperação em três anos, sem falar no impacto que isso deve gerar”, conta.
Vivendo há quase dois meses no que ela considera uma rotina de operação de guerra, a chefe da Casa Civil diz que a perspectiva é que a situação permaneça crítica por pelo menos mais quatro semanas.