Por tamara.coimbra

Colômbia - O Prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz e o diretor-executivo do Programa da ONU para Assentamentos Humanos (ONU-Habitat), Joan Clos, citaram nesta terça-feira o Brasil de Lula como um exemplo de luta contra as desigualdades sociais, no segundo dia do 7º Fórum Mundial de Cidades. O economista americano, que na noite dessa terça-feira fez a palestra magistral do evento, citou Colômbia e Bolívia como exemplos de luta contra a desigualdade, mas enfatizou o caso do Brasil, o de maior destaque dos modelos latino-americanos.

"No Brasil o governo focou na educação, na alimentação, na pobreza e é muito surpreendente como essas políticas provaram ser adequadas", disse Stiglitz. O Fórum, realizado em Medellín (Colômbia) e organizado pela ONU-Habitat, está destinado a encontrar soluções para reduzir as crescentes desigualdades sociais e que ajudem a reverter essa tendência.

Segundo o Prêmio Nobel de Economia de 2001, o bem-sucedido caso brasileiro é ainda mais paradoxal quando "a maioria dos países estão aumentando a desigualdade". Clos, por sua vez, que foi prefeito de Barcelona entre 1997 e 2006, também elogiou em entrevista para a Agência Efe o Brasil como modelo de geração de políticas que levem a uma diminuição do abismo entre ricos e pobres.

Clos defendeu a geração de um "modelo latino-americano de bem-estar", com prestações sociais como pensões, seguro desemprego, assim como serviços universais de saúde e educação, e acrescentou que as políticas de Lula são o caminho a ser seguido. Para o ex-prefeito da capital catalã, na América Latina o Estado tem que se apropriar das funções que lhe pertencem, assim como aconteceu na Europa durante o século XX.

"É a primeira conquista de um certo nível do Estado de Bem-Estar Social e, além disso, podem construir de alguma forma uma maneira de evitar os excessos e a crise" do modelo europeu, disse. Mas, além do Brasil, os dois coincidiram em citar o continente latino-americano como um modelo de superação.

Stiglitz se mostrou "impressionado" com os efeitos que tiveram as políticas promovidas na última década na qual os governos "se deram conta de que a desigualdade é um problema" e se comprometeram com sua redução.

Além disso, o dia no qual o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu as previsões de crescimento da América Latina para 2014 e 2015, o Prêmio Nobel disse que isso é uma oportunidade para diminuir a pobreza já que os recursos naturais poderão ser destinados à demanda interna e não para a exportação. Segundo o FMI, a América Latina crescerá 2,5% em 2014, quatro décimos a menos que o previsto em janeiro. Já em 2015 a expansão será de 3%, três décimos a menos que a previsão anterior.

Nesta quarta-feira, Medellín se tornará o centro das atenções com a palestra de seu prefeito, Aníbal Gaviria, que mostrará ao mundo as conquistas em sua transformação. Stiglitz destacou nessa terça-feira as virtudes de Medellín, a segunda maior cidade da Colômbia com cerca de 2,5 milhões de habitantes, e que nos anos 1980 e 1990 sofreu com a violência do chefão do narcotráfico Pablo Escobar.

"Os benefícios (das políticas públicas) aparecem em um curto prazo", disse.

Por sua vez, o diretor-executivo da ONU-Habitat também se remeteu a Medellín ao afirmar que tem "muitos problemas e muito graves", mas reconheceu sua "coragem para lutar contra forças como o narcotráfico, o conflito armado e a desigualdade".

As sessões do 7º Fórum Mundial de Cidades começaram na segunda-feira e se prolongarão até a sexta-feira, com a presença de 25 mil participantes entre prefeitos, intelectuais e especialistas e com o objetivo de conseguir uma "igualdade urbana" que dá nome ao evento.

Você pode gostar