Por tamara.coimbra

Rio Grande do Sul - A avó materna de Bernardo Uglione, encontrado morto em um matagal de Frederico Westphalen, no norte do Rio Grande do Sul, a aposentada Jussara Uglione, disse em depoimento que o menino era maltratado pela madrasta, Graciele Ugolini Boldrini, e ainda pediu a reabertura do caso da morte de sua filha, falecida em 2010.

A criança estava desaparecida desde o dia 4 de abril e seu corpo foi encontrado nesta segunda-feira. Bernardo morava em Três Passos, no noroeste do Estado, com o pai, Leandro Boldrini, e Graciele.

O casal foi preso preventivamente junto com a amiga Edelvania Wirganovicz por suspeita de crime. O menino foi morto com uma injeção letal, segundo a Polícia Civil, o que ainda deverá ser confirmado pelo laudo.

O menino%2C morador de Três Passos%2C estava desaparecido havia 10 diasDivulgação

A avó do garoto pediu à Polícia Civil a reabertura do caso da morte da mãe do menino, já que existe a suspeita de assassinato. Na época o caso foi considerado suicídio. Segundo as investigações, ela teria atirado contra a própria cabeça ao flagrar o marido e pai do garoto, Leandro Boldrini, com a madrasta, Graciele Boldrini, na clínica onde o ex-marido trabalhava. No entanto, a polícia decidiu reabrir o caso, já que Leandro e Graciele estavam no local.

O corpo de Bernardo, que estava desaparecido havia 10 dias, foi encontrado em uma área de mata na cidade de Frederico Westphalen, na noite de segunda-feira. Ele estava sumido desde a última semana, quando teria saído de casa para dormir na casa de um amigo, onde nunca chegou. O menino foi encontrado por informações passadas à polícia pela assistente social e amiga da madrasta, Edelvânia Wirganovicz, que teria ajudado a executar o crime.

De acordo com informações dos agentes, Edelvânia relatou que Bernardo foi dopado antes de aplicarem uma injeção letal. As apurações mostram que o caso foi planejado e executado pela madrasta da criança com ajuda da amiga. Ambas estão presas temporariamente por ordem da Justiça.

Conforme depoimento de Edelvânia, ela e Graciele viajaram de carro com o menino e a meia-irmã, de uma ano e três meses filha da madrasta e do pai de Bernado, no último dia 4 com a desculpa de comprar uma TV para o garoto. Ao chegar à casa da assistente social, misturaram pílulas dopantes no suco do menino, que adormeceu.

Segundo Edelvânia, Bernardo teria sido assassinado com uma injeção letal. Porém, a assistente desconversa como ambas as mulheres fizeram força suficiente para abrir a cova de aproximadamente um metro de profundidade.

No dia que Bernardo sumiu, a madrasta foi multada por excesso de velocidade em uma rodovia de Frederico Westphalen, local onde o corpo foi encontrado. O pai de Bernardo também está preso, suspeito de ocultar informações sobre o crime e pistas que comprometeriam a esposa, Graciele. Todos os suspeitos estão presos por um prazo de 30 dias.

O casal preso suspeito pela morte do meninoReprodução

Morte 'violenta', diz atestado de óbito

O atestado de óbito do menino Bernardo Uglione Boldrini diz que a morte ocorreu no dia 4 de abril de "forma violenta". O relato é do advogado da avó materna da criança. De acordo com o documento, ainda não é possível apontar a causa da morte, mas informa que o corpo estava em "estado adiantado" de putrefação, na qual mostra que o registro de desaparecimento que o pai fez ocorreu após a morte de Bernardo.

Bernardo Uglione será enterrado na manhã desta quarta-feira no Cemitério Ecumênico Municipal de Santa Maria, ao lado do túmulo da mãe.

Troca de Família

Segundo informações do Ministério Público, Bernardo havia pedido em janeiro passado para morar com outra família por causa da falta de afeto na casa do pai. No entando, o menino sempre garantiu que jamais sofreu agressões físicas.

De acordo com a promotoria da Infância e Juventude de Três Passos, o garoto pediu para se mudar e apresentou duas famílias, mas elas não compareceram. Na ocasião, alegaram que não iriam se envolver no caso familiar.

Devido à falta de opções, a avó de Bernardo, que reside em Santa Maria, na Região Central do estado, se ofereceu para ter a guarda provisória do menino. No entanto, o pai foi chamado pela promotora e se mostrou muito interessado em restabelecer o vínculo com o filho.

Menino era hostilizado

A ex-babá de Bernardo, Helaine Marisa Wentz, afirmou que o garoto recebia pouca atenção do pai e da madrasta, com quem morava na cidade de Três Passos. A mulher trabalhou na casa da família por dois anos. A mãe do menino morreu há quatro anos. "Ela [Graciele Ugolini Boldrini] sempre afastava o menino dela. Agredia com palavras", contou a ex-babá do menino.

Durante a madrugada, moradores da cidade foram até a residência do casal para protestar com velas e cartazes, pedindo justiça.

'Não tenho dúvida do envolvimento do pai, da madrasta e da amiga', diz delegada

A delegada da Polícia Civil de Três Passos Caroline Machado, responsável pela investigação da morte de Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos, afirmou nesta terça-feira que a polícia está convicta do envolvimento do pai, da madrasta e de uma amiga dela na morte do menino.

"Não tenho dúvida do envolvimento do pai, da madrasta e da amiga, mas precisamos identificar o que cada um fez para a condenação", afirmou a delegada em entrevista coletiva. O três suspeitos, o pai - o médico Leandro Boldrini, a madrasta - a enfermeira Graciele Boldrini - e uma amiga, que não teve o nome confirmado, cumprem prisão preventiva de 30 dias.

Sobre a possibilidade de que o menino tenha morrido vítima de uma injeção letal, a polícia aifirma que só a perícia feita no corpo porderá comprovar a suspeita.

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