Por fernanda.magalhaes

Guarujá (SP) - A Polícia Civil de São Paulo prendeu em Morrinhos, no Guarujá (SP), o eletricista Valmir Dias Barbosa, de 47 anos, suspeito de participar no sábado do linchamento de Fabiane Maria de Jesus, de 33 anos. Segundo os policiais, o homem foi denunciado por vizinhos, que o reconheceram nas imagens da agressão à mulher, e admitiu ter participado do assassinato.

Barbosa confessou as agressõesFernanda Luz/Jornal A Tribuna de Santos

No fim da tarde, o delegado Luiz Ricardo Lara Dias Junior disse que ainda não tinha decidido se indiciaria Barbosa. Mas foi pedida a prisão preventiva do suspeito, que teria alegado, segundo informações da polícia, que participou do linchamento por acreditar que Fabiane sequestrava crianças para usar em rituais de magia negra, conforme denunciado em um site de internet.

Uma das testemunhas do ataque a Fabiane, Carla Rosane Cunha Viana contou à polícia que o linchamento durou pelo menos duas horas. Ela disse que após agarrarem a mulher, os primeiros agressores convocaram os vizinhos por mensagens de celular. “Apareceram uns três mil”, afirmou.

Fabiane foi enterrada no Cemitério Jardim da Paz, no Guarujá. Após o enterro, centenas de pessoas fizeram passeata pedindo justiça e punição dos linchadores. O grupo percorreu as ruas do bairro de Morrinhos carregando cartazes e cantando hinos religiosos.

Fabiane era casada, tinha duas filhas, de 1 e 13 anos, e frequentava a Igreja de São João Batista. No dia em que foi atacada, voltava de lá, onde fora pegar sua Bíblia, que havia esquecido.No caminho de volta para casa, ela foi confundida com a suposta sequestradora de crianças para sacrifícios em rituais de magia negra, cujo retrato falado foi divulgado pelo site Alerta Guarujá.

A mulher foi, então, cercada pela multidão, espancada, arrastada pelas ruas do bairro e depois jogada, ainda viva, em um rio. As cenas foram gravadas em celulares.Fabiane foi socorrida por policiais e levada para um hospital, mas não resistiu aos ferimentos e morreu na segunda-feira. Segundo a polícia, nunca houve nenhuma queixa contra Fabiane e nem há registro de desaparecimento de crianças ou de realização de qualquer tipo de ritual de magia na região.

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