São Paulo - O segundo julgamento do cirurgião plástico Farah Jorge Farah, acusado de matar e esquartejar a paciente e amante Maria do Carmo Alves, em janeiro de 2003, está marcado para começar nesta segunda-feira, às 9h30 no Plenário 10 do Fórum Criminal da Barra Funda, zona oeste da capital.
O julgamento do médico já foi adiado cinco vezes. A última delas em março deste ano, quando o advogado Odel Antun, defensor de Farah, pediu adiamento porque cinco das oito testemunhas de defesa não teriam sido localizadas. Cada uma das partes tem direito a oito testemunhas.
Em 2008, o médico já havia sido condenado a 12 anos de prisão pelo homicídio e mais um ano por ocultação de cadáver. No entanto, segundo Antun, a defesa entrou com uma apelação para anulação do juri porque os jurados não levaram em consideração o laudo oficial do Instituto de Criminalística (IC) que atestava a semi-imputabilidade de Farah. Ou seja, segundo o laudo, o médico não tinha plena consciencia dos seus atos. Na ocasião do crime, Farah alegou que teve um “branco” e não se lembra dos fatos.
A promotoria alega que os jurados se basearam em outros laudos assinados por psiquiatras renomados, ressonância magnética do cérebro do médico e o laudo de Rorschach para atestar que Farah não tem problemas psiquiátricos e portanto, é culpado, pela morte de Maria do Carmo.
Se ficar provada a semi-imputablidade de Farah, a pena poderia ser reduzida em um terço, para oito anos. Como ele já ficou preso por quatro anos, ele provavelmente cumpriria o resto da pena em liberdade.
O crime
O crime aconteceu no dia 24 de janeiro de 2003. Segundo a defesa, Maria do Carmo foi até o consultório do médico, no bairro de Santana, zona norte da capital, com uma faca e tentou agredir Farah. O médico conseguiu desarmá-la e golpear o pescoço da vítima. Nesse momento, o médico relata ter tido um “branco” e só retomou a consciencia no dia seguinte.
Segundo a polícia, após matar a mulher, Farah teria ainda retirado todo o sangue dos órgãos e cortado o corpo em nove pedaços, que escondeu em sacos de lixo dentro do próprio carro. Ele ainda retirou a pele das pontas dos dedos. Após o crime, ele foi para uma clínica psiquiátrica, onde se internou. Lá teria confessado o crime para uma sobrinha, que o denunciou. O corpo da vítima só foi encontrado três dias depois.
Farah ficou preso por quatro anos e meio e aguarda a decisão do julgamento em liberdade. Em 2006, o Conselho Regional de Medicina (CRM) o proibiu de exercer a profissão. Após sair da cadeia, ele se matriculou na Faculdade de Saúde Pública e mora em um sobrado na Vila Mariana, zona sul da capital, onde aguarda um novo julgamento.