Por thiago.antunes

Brasília - Pré-candidato do PSB à Presidência da República, o ex-governador Eduardo Campos criticou ontem o decreto da presidenta Dilma Rousseff que determina a órgãos públicos considerar, na formação de suas políticas públicas, a opinião de conselhos com representantes da sociedade civil. Acompanhado da vice Marina Silva, Campos disse estranhar que o decreto que cria a Política Nacional de Participação Social tenha sido editado depois de 12 anos de governo do PT e às vésperas das eleições.

“Não é estranho que a quatro meses da eleição saia um decreto tentando passar a ideia de que vai ter a participação da sociedade, num governo que é reconhecido por líderes de estudantes, líderes de trabalhadores, líderes de empresários, líderes de academia, como tendo pouca aptidão ao diálogo?”, questionou o ex-governador, após reunir-se com integrantes da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Campos e Marina se reuniram com o presidente da CNBB%2C dom Raymundo Damasceno%2C para discutir reformasagência estado

Marina tem opinião semelhante a do presidenciável. No início da semana, ela afirmou considerar os conselhos “importantes”, mas lamentou que a proposta só tenha sido apresentada agora “no período eleitoral”. Campos disse que o decreto presidencial não tem nada a ver com que o governo pratica no dia a dia. “É um governo fechado, que não tem aberto as portas para o diálogo com a sociedade”.

“Na verdade, 12 anos é um prazo bastante longo para a gente ver exatamente o que a gente tem que aperfeiçoar em termos de participação da sociedade, sobretudo em um governo que desmontou os conselhos. Eu falo por exemplo do Conselho Nacional de Política Energética. A questão da energia é central hoje para o Brasil. Veja quantas vezes ele se reuniu. Veja se ele tem representação da sociedade até hoje”, disse Campos, que foi ministro da Ciência e Tecnologia no governo Lula.

A política de participação social foi implantada em maio, por decreto, o que causou divergência entre a presidenta Dilma, defensora do texto, e o vice-presidente Michel Temer (PMDB), para quem o assunto deveria ser tratado em projeto de lei a ser discutido pelo Congresso. Um bloco de dez partidos também recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para derrubar o projeto.

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