Brasília - O Conselho de Ética da Câmara do Deputados começa a ouvir nesta quarta-feira as testemunhas no processo de quebra decoro contra o deputado André Vargas (sem partido-PR), ex-vice-presidente da Casa.
O processo foi aberto após investigações da Operação Lava Jato apontarem ligações do deputado com o doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal. Vargas usou um avião fretado por Youssef para uma viagem a João Pessoa com a família. O empréstimo da aeronave foi discutido entre os dois por mensagem de texto no início de janeiro. Na ocasião, o parlamentar explicou, por nota, que é amigo de Youssef e negou envolvimento com os negócios do doleiro.
Conversas obtidas pela Polícia Federal, por meio de grampo e divulgadas pela imprensa, indicam que Vargas teria intercedido em favor de uma das empresas de Youssef, a Labogen, em contratos com o Ministério da Saúde.
O relator do processo no Conselho de Ética, deputado Júlio Delgado (PSDB-MG), informou que pretende ouvir o deputado Cândido Vacarezza (PT-SP); o líder do PT na Câmara, Vicentinho (SP); o presidente do partido, Rui Falcão; Leonardo Meireles e Esdras Ferreira, donos do Labogen, além do doleiro Alberto Youssef.
Segundo Delgado, o depoimento de Youssef será tomado a distância. O conselho já pediu ao juiz federal para que ele seja ouvido na prisão.
Também foram convidados para depor Bernardo Tosto, dono do jatinho usado por Vargas, e o o secretário de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, Carlos Gadelha, mas os dois informaram que não comparecerão.
Nesta quarta começa a contar o prazo regimental de 40 dias para que o conselho ouça as pessoas indicadas pelo relator. Júlio Delgado informou que irá convidá-los novamente para prestar depoimento, mas, caso não compareçam, irá ouvir as testemunhas de defesa arroladas por Vargas. Após esse período, o relator irá elaborar o seu parecer pela absolvição ou pela continuidade do processo.
A Operação Lava Jato foi desencadeada no dia 17 de fevereiro. A Polícia Federal cumpriu 24 mandados de prisão e 15 de condução coercitiva, além de 81 de busca e apreensão em 17 cidades. Cerca de 400 policiais participaram da operação.
A organização criminosa contava com quatro grupos, que tinham à frente doleiros que lucravam com câmbio paralelo ilegal e também praticavam crimes como tráfico de drogas, exploração e comércio ilegal de diamantes e corrupção de agentes públicos.