São Paulo - A Polícia Civil está programando uma acareação entre o casal acusado de matar o zelador Jezi Lopes, 69 anos, no prédio onde ele trabalhava, na região da Casa Verde, Zona Norte de São Paulo.
Segundo a polícia, há divergências entre os depoimentos do publicitário Eduardo Martins, 47 anos, e sua mulher, a advogada Ieda Cristina Martins, 42 anos, e as versões dadas durante as duas reconstituições do crime no apartamento onde o zelador teria sido morto e na casa da Praia Grande (litoral de São Paulo), onde o corpo foi esquartejado e queimado.
A data da acareação ainda não foi confirmada pelo delegado Egídio Cobo, responsável pelas investigações.
De acordo com investigadores do 13º DP (Casa Verde), onde o caso foi registrado, as principais divergências estão relacionadas aos horários dos fatos, a causa da morte e a participação da advogada no crime. Martins inocentou a mulher em depoimento. No entanto, a polícia descobriu que ela comprou fitas adesivas no mesmo dia do crime, que poderiam ser usadadas para amarrar o corpo do zelador.
Os dois permanecem presos. Ieda ainda é a principal suspeita de matar o ex-marido José Jair, em 2005, no Rio de Janeiro.
O crime
O zelador desapareceu no dia 30 de maio e a família registrou um Boletim de Ocorrência no dia seguinte. As imagens de segurança do condomínio onde ele trabalhava mostram que, por volta das 15h30 deste dia, o zelador desceu em um dos andares para entregar cartas, mas não retornou nem pelo elevador nem pelas escadas.
Ainda segundo o registro policial, uma moradora do 11º andar disse ter ouvido uma discussão em um apartamento do mesmo andar, cujo morador, segundo ela, não teria um bom relacionamento com o zelador.
As câmeras internas do prédio mostram que, por volta das 17h, esse morador do 11º andar, depois identificado como o publicitário Eduardo Martins, e a esposa arrastaram uma mala e um saco grande até um veículo Logan preto. Questionado pela polícia, o morador admitiu não ter uma boa relação com o zelador, mas negou que tenha acontecido algo de errado entre eles naquele dia.
Os policiais vasculharam o apartamento do casal e encontraram mala e sacos similares aos exibidos pela gravação do prédio. Mas verificaram que dentro deles havia roupas e tênis. Depois, desceram com a mulher até o estacionamento e verificaram que dentro do automóvel do casal estava uma mala parecida com as da filmagem, mas dentro delas também só tinham roupas.
Indagados pelos policiais, os dois moradores contaram que tinham ido levar as roupas para uma igreja, mas retornaram porque ela estava fechada no dia. Os policiais informaram que não visualizaram nenhum sinal de violência no apartamento do casal ou no veículo.
Dois dias depois, Martins foi preso em flagrante enquanto tentava queimar os pedaços do corpo do zelador na churrasqueira de sua casa na cidade de Praia Grande, litoral de São Paulo. Ele confessou o esquartejamento, mas disse aos policiais que a morte do zelador foi acidental e aconteceu durante um discussão entre os dois. Em seu depoimento, Martins disse que Lopes teria caído e batido a cabeça no batente da porta.
Ele afirmou ainda que a sua mulher não teve participação na crime. Ieda chegou a ficar presa, mas após ser inocentada pelo marido, foi libertada. Ela foi presa dias depois por determinação da Justiça do Rio de Janeiro suspeita de matar o ex-marido. O caso foi arquivado sem ser solucionado.