Rio - Por falta de quórum, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Petrobras cancelou a reunião desta quarta-feira. Após breve espera, o presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), decidiu cancelar a reunião ao perceber que não seria atingido o número mínimo de 11 parlamentares para abertura dos trabalhos, nem tampouco os 17 necessários para votação de requerimentos.
Após o cancelamento da reunião, deputados e senadores de oposição acusaram o governo de fazer uma manobra política para inviabilizar os trabalhos. “Sem dúvida. Tanto houve manobra que o presidente chegou exatamente no horário previsto e, às 15h30, ele se retirou dizendo que [a reunião] estava cancelada por falta de quórum e se retirou. Não esperou mais tempo para que outros pudessem comparecer. E não compareceriam porque já estava no script montado pelo governo, que funcionou, lamentavelmente”, acusou o líder do PPS, deputado Rubens Bueno (SP).
O relator da CPMI, deputado Marco Maia (PT-RS), no entanto, negou que a ausência de parlamentares tenha sido provocada por uma manobra orquestrada pelo governo e disse que ela foi causada por força das circunstâncias.
“O que houve aqui foi, de fato, um dia complexo, depois de um jogo da seleção brasileira, que não teve sessão no Congresso Nacional, e véspera de um feriado. Portanto, um dia com dificuldade adicional de realizar uma sessão apenas para votação de requerimentos”, alegou o relator.
Maia também acusou os oposicionistas de faltarem à reunião da CPMI em proporção igual à dos governistas. Para ele, o cancelamento de hoje não prejudicará os trabalhos: “Já temos a convocação do ex-presidente [da Petrobras] José Sergio Gabrielli na quarta-feira e cerca de 200 requerimentos aprovados que podem ser usados para dar continuidade dos trabalhos. Então, não há nenhum prejuízo adicional por não termos realizado os trabalhos hoje.”
Para o senador oposicionista Álvaro Dias (PSDB-PR), no entanto, as ausências de hoje mostram que a CPMI é “natimorta”. Ele disse que a junção da Copa do Mundo e da campanha eleitoral logo em seguida tornará impossível a realização de trabalhos efetivos de investigação parlamentar. Dias também acusou o governo por isso, ressaltando que o prejuízo de agora foi provocado pela manobra dos governistas de adiar o início do inquérito parlamentar em quase dois meses, fazendo com que a CPMI começasse quase junto com a Copa.
“Eu só vejo possibilidade da CPI produzir se for prorrogada para que trabalhe depois das eleições. Até a eleição de outubro é impossível fazer a comissão produzir. Conhecer dados já conhecidos, que foram fornecidos à imprensa, dessa Operação Lava Jato não vai ajudar muita coisa. O que nós precisamos é de tempo para que o trabalho de investigação permita receber outras informações sigilosas que ainda não são do nosso conhecimento”, completou Dias.
Na próxima reunião, marcada para o dia 25, deve ser ouvido o ex-presidente da estatal José Sergio Gabrielli, que deve ser questionado especialmente sobre a decisão de compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. A transação foi considerada um péssimo negócio para a Petrobras.