Por adriano.araujo

Rio - Uma grande novidade das últimas pesquisas é a possibilidade cada vez mais forte de ser necessário o segundo turno para a escolha do próximo presidente da República. Dilma Rousseff mantém-se à frente de Aécio Neves e Eduardo Campos, mas perde terreno para seus adversários e vê o favoritismo ameaçado. Mas também surgiu um dado novo na disputa pelo Palácio Guanabara. Candidato à reeleição, o governador Luiz Fernando Pezão deu um salto nas intenções de voto. Ainda está longe dos dois ponteiros, Anthony Garotinho e Marcelo Crivella, mas já aparece isolado em terceiro lugar, deixando para trás o petista Lindberg Farias. Modesto, o próprio Pezão mostrou-se espantado com o crescimento: “O povo é generoso. Depois de oito anos com a Saúde e a Segurança como estão, era para ser bem menos, mas o povo é tolerante e esperançoso”.

Aliado de primeira hora da presidenta Dilma, Pezão (PMDB) começa a colher os frutos de seu estilo de governar, bem menos espalhafatoso do que o do antecessor, Sergio Cabral. O ex-prefeito de Piraí (por dois mandatos seguidos) não é homem de muita pirotecnia, prefere governar em silêncio, seguindo a boa escola dos políticos mineiros. Nesse início de campanha, conversa com formadores de opinião e percorre o Estado com a paciência de um caipira que prepara o cigarro de palha. Com sua simplicidade, conquistou a confiança de Dilma e também vai contornando a rejeição dos eleitores ao ex-governador Cabral. Pezão, que ainda é pouco conhecido e desfruta de baixo índice de rejeição (14%), não esconde o otimismo: “Vou crescer mais, principalmente quando começar a campanha na TV”.

Com o apoio de 18 partidos e quase 1.800 candidatos à Câmara e à Assembléia Legislativa, Pezão tem, de fato, terreno aberto pela frente. E está crescendo na hora certa. A tarefa de seus adversários é bem mais difícil, principalmente para Marcelo Crivella (PRB), que não conseguiu atrair aliados. Ele contará com a panfletagem dos candidatos de seu partido e olhe lá. Crivella lidera as pesquisas desde a pré-campanha. Mas, agora, já tem o ex-governador Garotinho (PR) ao seu lado e tudo indica que não terá forças para se manter na liderança. Há quem diga que Crivella não conseguirá chegar ao segundo turno. Não por acaso, o sobrinho do bispo Macedo atacou Garotinho em entrevista semana passada. Afirmou que a proposta de seu adversário de acabar com as UPPs “é medieval”.

Anthony Garotinho conseguiu o apoio do PROS, após a desistência de Miro Teixeira, e conta também com a fidelidade de seus eleitores na Baixada e no Norte Fluminense. Tem contra si o maior índice de rejeição (39%), mas é forte candidato a disputar o segundo turno. Porém, não se devem desprezar as chances de Lindberg Farias (PT). Embora não tenha respaldo ostensivo de Dilma, o senador é bom de voto desde os tempos em que ocupou a presidência da UNE. Pode atrair a simpatia dos jovens mais radicais insatisfeitos com as instituições políticas. Certamente vai destacar na propaganda seu passado de dirigente estudantil, quando era filiado ao PCdoB. Com rejeição baixa, de 17%, Lindberg trabalhou para formar aliança com PV, PCdoB e PSB e está na briga.

O páreo para o governo do Rio de Janeiro não será fácil. Decisão mesmo só no segundo turno. Mas com a caneta na mão e a força da máquina que montou, Pezão tem tudo para chegar lá.

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