Por thiago.antunes

Rio - Na sexta-feira passada, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, desembarcou no Rio de Janeiro com a missão de apagar incêndios. Na véspera, a presidenta Dilma Rousseff participara de jantar com prefeitos na Baixada Fluminense em apoio à sua reeleição e à do governador Luiz Fernando Pezão, num evento promovido pelo movimento “Dilmão”. Como há no Estado mais três candidatos da base aliada – Lindberg Farias (PT), Anthony Garotinho (PR) e Marcelo Crivella (PRB) – houve choro e ranger de dentes com a atenção especial com que Pezão foi distinguido.

Rui, que é o coordenador da campanha de Dilma, tratou de pôr água na fervura. A jornalistas e aos candidatos, tratou de explicar que Dilma não dará exclusividade a nenhum palanque no Rio. Segundo ele, nem mesmo Lindberg, que concorre pelo PT, terá privilégios. Haverá espaço na agenda para todos.

Apesar do providencial esclarecimento de Rui Falcão, os adversários do governador Pezão continuam ressabiados, principalmente Lindberg. O senador petista expôs sua profunda irritação com o jantar que chegou a atrair dez dos 11 prefeitos do PT. No encontro com Rui, afirmou que considera excessiva a vinculação de Dilma com o PMDB. “Começar a campanha com o Pezão é vincular muito a imagem a ele”, reclamou.

A missão impossível de Rui FalcãoAlexandre Vieira / Agência O Dia

O presidente do PT considerou natural a reação do senador e a atribuiu ao “fragor da disputa”, porém garantiu que não permitirá que prefeitos do PT apóiem candidatos de outro partido. “Eles podem ir a eventos que tenham a presidenta como convidada, mas têm compromisso com a fidelidade partidária, prevista no estatuto do partido”.

A passagem do cacique do PT reduziu a pressão na fogueira de vaidades no Rio. Mas, por mais que Rui tente conciliar interesses dos candidatos, salta aos olhos a simpatia de Dilma Rousseff pela parceria com Luiz Fernando Pezão. A presidenta é fiel aos seus amigos e também cobra fidelidade. Nunca deu respaldo à entrada de Lindberg na disputa – ao contrário, preferia que o PT não tivesse candidato próprio no Rio. A decisão foi do diretório estadual, com incentivo do ex-presidente Lula.

O próprio Rui explica que se resumiu a avalizar a escolha do diretório. Dizem que Dilma trata o senador de seu partido de “Lindinho”, da mesma forma que chama de “Lupinho” o presidente do PDT, Carlos Lupi. Isso não significa necessariamente afeto, mas, sim, uma mania da presidente. Não é possível, contudo, aplicar um diminutivo a Pezão.

Dilma, como se sabe, além do pavio curto, não é pessoa de esconder suas predileções. O que ficou claro, recentemente, por ocasião do falecimento dos escritores João Ubaldo Ribeiro e Ariano Suassuna. Quando morreu João Ubaldo, a presidente emitiu uma nota de condolência seca, de duas linhas.

Disse apenas que o país perdeu um grande escritor e deu pêsames à família. No caso de Suassuna, ela mostrou-se emocionada, citou livros que considera clássicos, lembrou encontros com o autor de “Auto da Compadecida”, e, ao fim, cumprimentou os parentes. Depois, foi ao velório. Não poderia ser mais ostensivo o tratamento diferenciado aos dois autores.

As notas oficiais sobre João Ubaldo e Suassuna foram redigidas pessoalmente por Dilma. Ela não delega suas escolhas a ninguém. Portanto, embora Rui Falcão se esforce para negar exclusividades, não há como esconder a preferência de Dilma Rousseff pela candidatura de Pezão.

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