Por bferreira

Brasília - O PMDB foi o partido que mais arrecadou dinheiro com doações diretas nas eleições de 2010. A legenda recolheu R$ 43,3 milhões. O valor não leva em conta o que cada candidato arrecadou individualmente. Corresponde ao resultado da soma do que foi recebido pelas contas do Comitê Financeiro Único de campanha e do diretório partidário. Os dados estão disponíveis no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e dizem respeito apenas ao Estado do Rio. Neste caso, como ocorre na maioria dos partidos, boa parte dos recursos obtidos vem de doações feitas por construtoras, empreiteiras e empresas do ramo financeiro.

Nas eleições de quatro anos atrás, o PMDB conseguiu eleger, no Rio, oito deputados federais e doze deputados estaduais,além do governador Sérgio Cabral. Os números podem ajudar a compreender o sucesso da campanha passada: somados, os outros quatro partidos de maior arrecadação (PP, PT, PR e PC do B), chegam a R$ 27, 087 milhões, 63% do total arrecadado pelo PMDB.

O segundo que mais arrecadou foi o PP, com R$ 10,030 milhões, responsáveis por ajudar a eleger cinco deputados — três federais e dois estaduais. Em seguida aparece o PT, com R$ 7, 6 milhões, que elegeu cinco parlamentares na Câmara e seis na Alerj. Completam a lista dos cinco primeiros o PR (R$ 6,2 milhões) e o PC do B (R$ 3,1 milhões).

As empresas não têm “fidelidade partidária”, afinal, não faltam exemplos de casos em que uma mesma instituição ajudou a financiar a campanha de mais de um partido. A construtora Carioca Christiani Nielsen, por exemplo, gastou R$ 4,4 milhões para apoiar os comitês de campanhas de seis partidos: PMDB, que ficou com 35% deste valor (R$ 1,5 milhão), seguido pelo PT, PDT, PR, PP e PSB. Do mesmo ramo, a OAS doou um pouco menos, mas ajudou de forma mais “igualitária” os que escolheu para beneficiar: foram gastos R$ 1,1 milhão, sendo R$ 500 mil para PSDB e PP, R$ 400 mil para PV e PMDB, e R$ 275 mil para o PT.

Este ano pode ser o último em que as empresas poderão doar dinheiro nas campanhas. A expectativa é que o Supremo Tribunal Federal (STF) confirme a proibição de doações de pessoas jurídicas nas eleições — o que valeria somente para o próximo pleito. Em abril, a maioria do STF votou pela proibição, mas o julgamento foi suspenso devido ao pedido de vista de processo do ministro Gilmar Mendes.

Gil Castello Branco, fundador da ONG Contas Abertas, é crítico da “promiscuidade” que há entre as empresas e os representantes. O atual modelo, segundo ele, favorece a corrupção. “As instituições investem querendo retorno. Existem estudos que mostram que, para cada R$1 investido, a empresa tem retorno de R$ 8,50 em contratos públicos”, argumentou.

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