Por bferreira

Minas Gerais - Após se esquivar do assunto durante dez dias, o candidato a presidente Aécio Neves (PSDB) admitiu ontem, pela primeira vez, que usou a pista de pouso construída pelo governo de Minas na cidade de Cláudio, a cerca de 150 quilômetros de Belo Horizonte. Segundo Aécio, o aeródromo foi usado várias vezes por ele durante sua juventude e “algumas vezes” após as intervenções do governo. “Depois da conclusão das obras, quando eu já não era mais governador do Estado, pousei ali algumas vezes em avião da minha família, para ser mais específico, do Gilberto Faria, que era casado com a minha mãe”, disse o senador.

O aeroporto foi construído no final de sua gestão como governador, em 2010, em um terreno que pertenceu a seu tio-avô, localizado a seis quilômetros de outra fazenda da família. No entanto, ele ainda não foi autorizado a funcionar pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Aécio disse que errou ao não verificar o andamento da homologação da pista. “Este é um equívoco e eu quero reconhecer”, disse.

O candidato também criticou o controle do acesso ao aeroporto, que hoje é feito por meio de poucas pessoas que possuem a chave do local, apesar de o aeródromo ser público. O presidenciável responsabilizou a prefeitura da cidade pela restrição. “Se entregaram a chave para 4, 5 ou 6 pessoas, é um erro. Mais ainda por ser um parente meu”, disse.

Aécio voltou a negar que a construção do aeroporto tenha beneficiado membros de sua família e disse que a intenção foi alavancar a economia da região. “A obra foi legal, necessária do ponto de vista econômico e não beneficiou ninguém da minha família. Ao contrário, não estaria o antigo proprietário na Justiça reivindicando um valor nove vezes maior que aquele que o Estado ofereceu”, argumentou.

Até ontem, o candidato estava evitando responder a perguntas de jornalistas sobre o assunto, afirmando que já tinha dado todos os esclarecimentos necessários aos órgãos competentes. A decisão de se pronunciar veio após uma reportagem publicada pelo jornal ‘O Estado de S. Paulo’, que mostrou que a equipe da campanha tucana havia produzido um documento comprovando “voos ocasionais” no aeroporto.

A campanha da presidenta Dilma Rousseff (PT) tem explorado a polêmica politicamente desde que ela veio à tona. No entanto, Aécio afirmou que não acredita que sua imagem será desgastada pelo assunto.

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