Por tamara.coimbra

Brasília - Mesmo depois de anunciar o fim da fase de depoimentos do processo envolvendo o deputado federal André Vargas (sem partido-PR), o relator do processo no Conselho de Ética, deputado Júlio Delgado (PSB-MG) poderá, em uma nova tentativa, ouvir testemunhas e o próprio acusado de envolvimento com o doleiro Alberto Youssef.

O deputado era esperado para depoimento na semana passada, mas não compareceu e divulgou no Twitter que o relator já havia emitido sua opinião sobre o caso sem lhe dar direito de defesa. De acordo com assessores do Conselho de Ética, o deputado poderia comparecer à reunião marcada para as 11h desta segunda-feira, mas não apareceu. Procurado pela Agência Brasil, Vargas respondeu, no entanto, que não recebeu qualquer convocação. “Nem estou sabendo”, respondeu por mensagem de texto por telefone.

André Vargas é alvo de processo de cassaçãoAlan Sampaio / iG Brasília

Os assessores do Conselho de Ética informaram, em resposta, que o parlamentar foi informado sobre a nova possibilidade de depor por e-mails enviados ao próprio deputado e aos seus advogados. De acordo com o colegiado, Vargas ainda terá uma “nova oportunidade” para depor no início da tarde desta segunda-feira, na sessão marcada para as 14h.

Vargas é investigado por intermediar as negociações de um contrato entre um laboratório e o Ministério da Saúde para fornecimento de remédios. A empresa, chamada Labogen, seria um laboratório de fachada de Youssef, preso pela Polícia Federal na Operação Lava Jato, de combate à lavagem de dinheiro.

O Conselho de Ética ainda marcou outra reunião para esta terça. A expectativa do colegiado é ouvir, no início da tarde, o chefe de gabinete de Vargas, Vanilton Bezerra, que já confirmou presença, além do sócio do Labogen, Leonardo Meirelles, e o comerciante de gado, Júlio Gonçalves de Lima Filho.

Delgado deve apresentar seu parecer sobre o caso esta semana, mas para a votação ocorrer ainda no período de esforço concentrado da Casa, o relatório deve ser entregue até quarta-feira. Não há mais possibilidade de apresentação de novos documentos, mas André Vargas tem o direito de voltar a depor a qualquer momento, até a votação final no Conselho de Ética.

O deputado nega as acusações. O caso criou desconforto no PT, legenda na qual Vargas militou por 24 anos. Em abril, depois da divulgação das denúncias, foi o próprio deputado que anunciou sua desfiliação do partido.

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